quinta-feira, 14 de abril de 2011

Páscoa: Passagem para uma vida nova!

A Páscoa Judaica
     Para entendermos a Páscoa cristã, vamos, sinteticamente, buscar sua origem na festa judaica de mesmo nome. O ritual da Páscoa judaica é apresentado no livro do Êxodo (Ex 12, 1-28). A palavra “Páscoa” significa “passagem”. O anjo exterminador “passou” diante das casas dos hebreus, isto é, não entrou pelas portas pintadas com o sangue do cordeiro. Houve “passagem” também pelo Mar vermelho e pelo deserto, da terra da escravidão do Egito para a terra que Deus tinha prometido. Páscoa significa, portanto, já no Antigo Testamento, passagem da vida de escravos para uma vida em liberdade.
     A Páscoa judaica é uma das mais importantes festas do calendário judaico, ela é celebrada por oito dias e comemorada com um rito todo particular. Anualmente, conforme a ordem recebida por Moisés (Ex 12, 21-28) os hebreus celebravam a Páscoa que começava no princípio do décimo quinto dia de Nisã, com a refeição sacrificial, quando um cordeiro ou um cabrito inteiro era assado e comido pelos membros duma mesma família com ervas amargas e pães ázimos (sem fermento); nessa ocasião o chefe da família contava a história da redenção do Egito.
     Os sacrifícios significavam expiação e dedicação; as ervas amargas faziam lembrar da amargura da servidão egípcia; os pães ázimos simbolizavam a pureza (Lev 2, 11).

     A Páscoa de Cristo.
     A festa da Páscoa passou a ser uma festa cristã após a última ceia de Jesus com os apóstolos, na Quinta-feira santa (Mt 26, 17-20), essa última ceia é considerada como a refeição ritual que acompanha a festividade da Páscoa judaica. Ao celebrar a Páscoa Jesus institui a NOVA PÁSCOA, a Páscoa da libertação total do mal, do pecado e da morte numa aliança de amor de Deus com a humanidade.
     Cristo é o Cordeiro de Deus (Jo 1, 29), pois se sacrificou uma vez por todas em prol da salvação de toda a humanidade. Hoje, ao celebrarmos a Páscoa, não ofertamos o sacrifício de um cordeiro e nem nos alimentamos com pães sem fermento, porque Cristo já se deu em sacrifício uma vez por todas (I Cor 5, 7; Ef 5, 2), como cordeiro pascal para nos libertar de tudo aquilo que nos oprime. Essa á Nova Aliança de Deus realizada pelo sangue de seu Filho (Mc 14, 24), aliança, agora não só com um povo, mas com todos os povos.

     A Páscoa para a Igreja.
     Para nós cristãos a Páscoa simboliza a morte vicária (substitutiva) de Cristo, ou seja, Jesus morreu em nosso lugar para nossa redenção. Sendo a festa magna da Igreja Católica, pela  Páscoa celebramos a ressurreição de Jesus, ou seja, sua vitória sobre a morte e a desesperança (Rm 6, 9). É a festa da nova vida, a vida em Cristo ressuscitado. Por Cristo somos participantes dessa nova vida (Rm 6, 5).
     A Páscoa é o tempo do Aleluia que ressoando constantemente quer exprimir a alegria da nova criação, ou seja, o dia em que todas as coisas se tornaram novas. A celebração pascal é uma celebração antecipada dos bens do céu, “do tempo da alegria que virá em seguida, do tempo do repouso, da felicidade e da vida eterna” (Sto. Agostinho).
     Na primeira carta aos coríntios Paulo estabelece a conexão entre pregação, fé e ressurreição: “E se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é sem fundamento, e sem fundamento também é a vossa fé. E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor e ainda estais nos vossos pecados”. (1Cor 15, 14. 17). Assim sendo, a missão da Igreja é anunciar a fé no Jesus ressuscitado.

     Porque a data da Páscoa não é a mesma todo ano?
     A data cristã da Páscoa foi fixada durante o Concílio de Nicéia, em 325 d.C., como sendo o primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre após o dia do Equinócio, que é quando o sol passa por sobre a linha da Equador, data que ocorre entre os dias 22 de Março e 25 de Abril.
     A Quaresma se inicia na Quarta-feira de cinzas, 46 dias antes da Páscoa e termina no Domingo de Ramos, quando se inicia a Semana Santa. Os cinquenta dias depois da Páscoa são de certo modo uma festa ininterrupta abrangendo sete domingos, sendo o sétimo o Domingo da Ascenção do Senhor. O tempo Pascal se encerra no quinquagésimo dia com o Domingo de Pentecostes.

     Nossa Páscoa.
     Desde os primeiros tempos a Igreja celebra a Páscoa como comemoração da passagem de Cristo desta vida terrena para a vida da glória, através da sua morte e ressureição. Para nós a Páscoa é o nosso definitivo êxodo do mundo do pecado e da escravidão para uma vida de justiça e de amor, isto é, de libertação da escravidão do mal para a vida de filhos de Deus. Portanto, nesta Páscoa somos chamados a viver uma vida nova em Cristo Jesus. Essa renovação devemos buscar continuamente até realizarmos um dia a nossa passagem definitiva desta vida para a outra vida, a eterna.
Seminarista Marcio Canteli

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