quarta-feira, 13 de junho de 2012

Eucaristia: Adoração e Celebração não se contrapõem


Uma reflexão sobre o valor do culto eucarístico, em especial da adoração ao Santíssimo Sacramento.


Uma interpretação unilateral do Concílio Vaticano II penalizou esta dimensão, restringindo na prática a Eucaristia ao momento celebrativo. Com efeito, foi muito importante reconhecer a centralidade da celebração. Porém, como muitas vezes acontece, para destacar um aspecto se acaba por sacrificar outro.

Neste caso, a acentuação dada à celebração da Eucaristia foi em detrimento da adoração, como ato de fé e de oração dirigido ao Senhor Jesus, realmente presente no Sacramento do altar. Esse desequilíbrio teve repercussões também na vida espiritual dos fiéis. De fato, concentrando toda a relação com Jesus Eucaristia somente no momento da Santa Missa, corre-se o risco de esvaziar de Sua presença o restante do tempo e do espaço existenciais.


E assim se percebe menos o sentido da presença constante de Jesus no meio de nós e conosco, uma presença concreta, próxima, entre as nossas casas, como “Coração pulsante” da cidade, do país, do território com as suas várias expressões e atividades. O Sacramento da Caridade de Cristo deve permear toda a vida cotidiana.


Na realidade, está errado contrapor celebração e adoração, como se estivessem em concorrência uma com a outra. É justamente o contrário: o culto do Santíssimo Sacramento constitui o “ambiente” espiritual dentro do qual a comunidade pode celebrar bem e em verdade a Eucaristia. Somente se for precedida, acompanhada e seguida por essa atitude interior de fé e de adoração, a ação litúrgica poderá expressar seu pleno significado e valor.


O encontro com Jesus na Santa Missa se realiza realmente e plenamente quando a comunidade é capaz de reconhecer que Ele, no Sacramento, habita a sua casa, nos aguarda, nos convida à sua ceia e, a seguir, depois que a assembleia se desfaz, permanece conosco, com a sua presença discreta e silenciosa, e nos acompanha com a sua intercessão, continuando a recolher os nossos sacrifícios espirituais e a oferecê-los ao Pai.


É evidente a todos que esses momentos de vigília eucarística preparam a celebração da Santa Missa, preparam os corações ao encontro, de modo que isso resulte ainda mais frutuoso. Estar todos em silêncio prolongado diante do Senhor presente no seu Sacramento é uma das experiências mais autênticas do nosso ser Igreja, que acompanha de modo complementar a celebração da Eucaristia, ouvindo a Palavra de Deus, cantando, aproximando-se junto da ceia do Pão da Vida.


Comunhão e contemplação não podem se separar, vão juntas. Para comunicar realmente com outra pessoa devo conhecê-la, saber estar em silêncio ao seu lado, ouvi-la, olhá-la com amor. O verdadeiro amor e a verdadeira amizade vivem sempre desta reciprocidade de olhares, de silêncios intensos, eloquentes, repletos de respeito e de veneração, de modo que o encontro seja vivido profundamente, de modo pessoal e não superficial.


Com esta fé, queridos irmãos e irmãs, celebramos hoje e cada dia o Mistério Eucarístico e o adoramos como centro de nossa vida e coração do mundo. Amém.


Grifo nosso

Nenhum comentário: