segunda-feira, 30 de abril de 2012

Ser padre



 Por Renato de Moura Petrocco
      Queridos irmãos e irmãs, há tempos não publico nada de textos próprios. Ando meio ocupado com as atividades da faculdade, mas minha cabeça ainda continua repleta de pensamentos e reflexões, ainda mais nessa etapa da minha vida!
      Quando me refiro nesta etapa da minha vida, digo mais especificamente nos últimos passos da formação para o presbiterato, para o ser padre. Quando me vejo no último ano me vêm dois sentimentos: angústia e gratidão. Angústia por me achar indigno de tão sublime missão: estar à frente de uma comunidade eclesial, caminhando com os irmãos e irmãs, como Povo de Deus, rumo ao Reino. E gratidão a Deus por me confiar esta missão e por me chamar, apesar de eu não o merecer.
      Nessa etapa muitas pessoas já nos aludem ao futuro próximo, “quase-padre”, “padre”, às vezes nem nos consideram mais como um simples seminarista, mas alguém que já está “quase lá”. Aí nos vem o questionamento sobre esse “ser padre” diante de uma comunidade, diante de Deus e na Igreja. Nos vem as aulas de teologia, das compreensões do exercício do ministério na Igreja e para a Igreja.
      Outro fator que contribui para a reflexão é a colocação de amigos de caminhada que interpelam as razões da nossa caminhada e o que buscamos. Parece que nos encontramos diante da comunidade primitiva, a qual se dirige a Carta de Pedro, onde o autor afirma que é necessário que demos razões da nossa esperança (1Pd 3,15). E é isso que quero refletir brevemente neste texto.
      Parafraseando Santo Agostinho: Aterroriza-me o que sou para vós, consola-me o que sou convosco. Pois para vós sou “pastor”; convosco sou cristão. Essa frase de Santo Agostinho parece-nos fundamental para esta reflexão. Claro que está inserida num contexto determinado, mas ainda se faz atual e gostaria de utilizá-la na minha compreensão de serviço presbiteral na Igreja. Acredito que o ser padre é em primeiro lugar, ser cristão, ser um irmão entre os irmãos! Pois é da comunidade eclesial que descobrimos o Chamado de Deus em nossa vida!
      Saimos da Comunidade e nos preparamos para servi-la. O presbiterato só encontra sua razão no serviço à Comunidade. Estar a serviço do Povo de Deus é, estar a serviço do próprio Deus e da Igreja. Não somos ordenados apenas para a “execução” ou celebração dos sacramentos, mas para estar, em primeiro lugar a serviço, o lava-pés (Jo 13, 13-14). Participar da vida da comunidade nos leva a celebrá-la, elevar a Deus as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias de todo o Povo de Deus (Eucaristia), Evangelizar (Anúncio) novos cristãos para que, conhecendo a Jesus e seu Projeto, possam aderir à fé e ingressar na Comunidade (Batismo), encontrando na Comunidade as forças necessárias para superar as enfermidades (Unção dos Enfermos), reconhecendo suas limitações (Penitência) e ser sempre firme na construção do Reino (Crisma) e se necessário consagrar toda a sua vida ao Reino (Ordem e consagração religiosa).
      Acredito que o ser padre supera apenas a “profissionalização” do presbiterato, mas o ser Igreja com a Igreja, estar em comunhão com todo o presbitério, com o bispo (sucessor dos apóstolos e símbolo de toda a unidade da Igreja). É, como animador e presidente das celebrações, ajudar a vida litúrgica (não mero rito) de toda a Comunidade. Para que possa rezar e elevar a Deus toda a sua vida e agradecer a Sua ação na sua vida e na sua história. É contribuir na construção do Reino, como cristão, como irmão entre irmãos, no serviço a Deus na Igreja, junto com os irmãos e irmãs de nossas comunidades, sendo um sinal, um sacramento na Comunidade.

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