O costume de acender velas tem origem nas prescrições do Antigo
Testamento: «O Senhor disse a Moisés: 'Ordena aos israelitas que te tragam óleo
puro de olivas esmagadas para manter, continuamente acesas as lâmpadas do
candelabro. Disporás as lâmpadas no candelabro de ouro puro para que queimem continuamente
diante do Senhor'» (Lev 24, 1-4).
A vela acesa, enquanto rezamos, tem um significado muito
especial. A idéia básica da Luz como oposição às trevas está nas suas raízes.
Acender velas nas igrejas é, portanto, uma tradição muito
antiga. Claramente, a prática individual de acender a vela quando entramos na
igreja, é um meio poderoso de unir a nossa oração individual com a oração da
Igreja e com Cristo, a Luz do mundo. Mas atenção: as velas não devem substituir
nossas orações nem devemos esperar efeitos mágicos de seu uso. Mas, como
expressão de nossa presença diante do Altíssimo, a suplicar a luz que ilumina
as trevas de nossos pecados fazendo-nos deles tomar consciência para uma
contínua conversão a que somos todos chamados.
Durante a perseguição do comunismo na Ucrânia,
introduziu-se, pouco a pouco, o costume de pedir às pessoas que iam à igreja,
que acendessem velas por si, impedidos por alguma razão de fazê-lo, de modo a significar
sua presença espiritual na igreja.
SÍMBOLO DE CONSUMAÇÃO
Deus é nosso Criador e nós, suas criaturas; quer dizer que
tudo o que somos e tudo o que temos nos foi dado de graça por Deus. Por
conseguinte, seu poder sobre nós é absoluto e seus direitos ilimitados. Pode até
exigir a nossa própria vida em sacrifício.
Os povos pagãos reconheciam esse direito a seus deuses. Por
isso ofereciam-lhe sacrifícios humanos (crianças, geralmente, por causa de sua
inocência), para acalmar a sua ira ou conseguir o que desejavam.
Que relação pode haver entre um sacrifício e uma vela acesa?
A vela acesa substitui diante de Deus a pessoa que a acende: Fica se
consumindo, como se fosse um holocausto oferecido a Deus. O holocausto era, na
Antiguidade e na lei mosaica, o sacrifício mais perfeito, porque por ele a
vítima era oferecida a Deus e queimada por inteiro em reconhecimento a seu
poder e direito absolutos sobre quem a oferecia. A vela acesa é um holocausto
em miniatura. A pessoa compra a vela que passa a lhe pertencer, a ser sua.
Acende-a para ser consumida em seu lugar.
Uma vela acesa a Deus simboliza, portanto, a adoração e a
entrega total de quem a acende ao Deus Todo Poderoso, Senhor e Criador de todos
os seres. Uma vela acesa a um santo tem o mesmo simbolismo, só que este
sacrifício é oferecido a Deus por intermédio deste ou daquele santo.
É claro que está longe de ter o mesmo valor do sacrifício
eucarístico, cujo valor é infinito, visto que por ele é o próprio Homem-Deus
que se oferece a seu Pai. Mas nem por isso deve ser desprezado ou abolido.
Deve-se, sim, evitar a má interpretação e o exagero, isto é,
evitar dar-lhe maior valor do que ele tem. Vela acesa é, pois, símbolo de
consumação.
SÍMBOLO DE CRISTO, LUZ DO MUNDO
O profeta Simeão falou da vinda de Cristo como «Luz para
revelação dos gentios». Simeão refletia consigo mesmo a profecia do profeta
Isaías sobre a vinda do Messias: «O povo que andava nas trevas viu uma Grande
Luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma Luz» (Is
9,1).
Esta profecia cumpriu-se no Novo Testamento, quando a Virgem
Maria apresentou seu filho Jesus no templo de Jerusalém. (Lc. 2, 22-32:). Este
acontecimento comemora-se com a Festa da Apresentação do Senhor no templo, no
dia 02 de fevereiro. Nesta festa, faz-se benção das velas que são usadas nas
orações particulares durante todo ano.
Também Jesus identificou-se a si mesmo com estas palavras:
«Eu Sou a LUZ do mundo, aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a
Luz da Vida» (Jo 8,12).
A VELA NA LITURGIA
Em qualquer cerimônia litúrgica, em especial na "Divina
Liturgia", acendem-se velas no altar para simbolizar de um lado a
consumação da criatura diante do Criador, o sacrifício de Cristo em
substituição à humanidade; e de outro lado, porque é Cristo que está se
sacrificando, ele que é a «Luz do mundo».
A exemplo de seu fundador, que usou coisas materiais (pão,
vinho, água, óleo) para significar coisas imateriais e até para transformá-las
em seu corpo e sangue, a Igreja usa também o material para esse fim (velas,
incenso, ícones, etc.); nossa natureza, que é um misto de matéria e de
espírito, o requer. Não sendo o "homem nem anjo nem simples animal"
só pode alcançar o espiritual e o sobrenatural por intermédio do sensível e do
natural. Sejamos humildes e aceitemos nossa natureza como ela é.
A VELA DO BATISMO
Esse simbolismo, encontramo-lo também no sacramento do
batismo, chamado também sacramento da iluminação. Depois de batizar a criança,
que passa, assim, das trevas do pecado para a luz da graça, o sacerdote manda,
acender as velas que os presentes seguram na mão e proclama: «Bendito seja Deus
que ilumina e santifica todo homem que vem a este mundo».
O gesto de acender a vela no círio pascal simboliza a união do batizado com Jesus Cristo. Significa que quem recebe o batismo passa a receber a vida nova de Deus como uma vela recebe “vida” a ser acesa em outra. A vela do batismo quer dizer a quem é batizado que Jesus é a luz da sua vida. Procure andar nessa luz e será feliz.
O gesto de acender a vela no círio pascal simboliza a união do batizado com Jesus Cristo. Significa que quem recebe o batismo passa a receber a vida nova de Deus como uma vela recebe “vida” a ser acesa em outra. A vela do batismo quer dizer a quem é batizado que Jesus é a luz da sua vida. Procure andar nessa luz e será feliz.
A vela é um exemplo claro do
que significa ser cristão. Ela não vive por si mesma. Sua tarefa é gastar-se,
consumir-se até o fim. Nada sobra, nem o pavio. Assim é o cristão que vence o egoísmo, o
individualismo e as trevas que o mundo apresenta, para consumir-se fazendo o
bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário