Quarta-feira passada, com o início do Ano da Fé, comecei uma nova
série de catequeses sobre a fé. E hoje gostaria de refletir com vocês sobre uma
questão fundamental: o que é a fé? Ainda há um sentido para a fé em um mundo
cuja ciência e a técnica abriram horizontes até pouco tempo impensáveis? O que
significa crer hoje? De fato, no nosso tempo é necessária uma renovada educação
para a fé, que inclua um conhecimento das suas verdades e dos eventos da
salvação, mas que sobretudo nasça de um verdadeiro encontro com Deus em Jesus
Cristo, de amá-lo, de confiar Nele, de modo que toda a vida seja envolvida.
Nós precisamos não apenas do pão material, precisamos de amor, de
significado e de esperança, de um fundamento seguro, de um terreno sólido que
nos ajude a viver com um senso autêntico também nas crises, na escuridão, nas
dificuldades e nos problemas cotidianos. A fé nos dá exatamente isto: é um
confiante confiar em um “Tu”, que é Deus, o qual me dá uma certeza diferente,
mas não menos sólida daquela que me vem do cálculo exato ou da ciência. A fé
não é um simples consentimento intelectual do homem e da verdade particular
sobre Deus; é um ato com o qual confio livremente em um Deus que é Pai e me
ama; é adesão a um “Tu” que me dá esperança e confiança.
Com o Mistério da Morte e Ressurreição de Cristo, Deus desce até o
fundo na nossa humanidade para trazê-la de volta a Ele, para elevá-la à sua
altura. A fé é crer neste amor de Deus que não diminui diante da maldade do
homem, diante do mal e da morte, mas é capaz de transformar cada forma de
escravidão, dando a possibilidade da salvação.Ter fé, então, é encontrar este
“Tu”, Deus, que me sustenta e me concede a promessa de um amor indestrutível
que não só aspira à eternidade, mas a doa; é confiar-se em Deus como a atitude
de uma criança, que sabe bem que todas as suas dificuldades, todos os seus
problemas estão seguros no “Tu” da mãe. E esta possibilidade de salvação
através da fé é um dom que Deus oferece a todos os homens.
nós podemos crer em Deus porque Ele se aproxima de nós e nos toca,
porque o Espírito Santo, dom do Ressuscitado, nos torna capazes de acolher o
Deus vivo. A fé então é primeiramente um dom sobrenatural, um dom de Deus.O
Concílio Vaticano II afirma: “Para que se possa fazer este ato de fé, é necessária
a graça de Deus que previne e socorre, e são necessários os auxílios interiores
do Espírito Santo, o qual mova o coração e o volte a Deus, abra os olhos da
mente, e doe ‘a todos doçura para aceitar e acreditar na verdade’” (Cost. dogm.
Dei Verbum, 5). Na base do nosso caminho de fé tem o Batismo, o sacramento que
nos doa o Espírito Santo, fazendo-nos tornar filhos de Deus em Cristo, e marca
o ingresso na comunidade de fé, na Igreja: não se crê por si próprio, sem a
vinda da graça do Espírito; e não se crê sozinho, mas junto aos irmãos. A
partir do Batismo cada crente é chamado a re-viver e fazer própria esta
confissão de fé, junto aos irmãos.
A fé é dom de Deus, mas é também ato profundamente livre e
humano. O Catecismo da Igreja Católica o diz com clareza: “É impossível
crer sem a graça e os auxílios interiores do Espírito Santo. Não é, portanto,
menos verdade que crer é um ato autenticamente humano. Não é contrário nem à
liberdade e nem à inteligência do homem” (n. 154). A fé, então, é um
consentimento com o qual a nossa mente e o nosso coração dizem o seu “sim” a
Deus, confessando que Jesus é o Senhor. E este “sim” transforma a vida, abre a
estrada para uma plenitude de significado, a torna nova, rica de alegria e de
esperança confiável.
Catequese do dia 24 de outubro de 2012 – Fonte: Zenit
Nenhum comentário:
Postar um comentário