Queridos irmãos e irmãs, Hoje vou apresentar o novo ciclo de catequese.
Com as catequeses deste Ano
da Fé gostaríamos de percorrer um caminho
para fortalecer ou reencontrar a alegria da fé, compreendendo que essa não é
algo estranho, destacado da vida cotidiana, mas é a alma.
A fé exprimi-se como dom, se manifesta nas relações plenas de amor,
compaixão, atenção e serviço desinteressado para com o outro. A fé
cristã, operante na caridade e forte na esperança, não limita, mas humaniza a
vida, de fato torna-a plenamente humana. A fé é acolher esta mensagem
transformadora em nossa vida, é acolher a revelação de Deus, que nos faz
conhecer quem Ele é, como age, quais são seus planos para nós.
Eis então, a maravilha da fé: Deus, no seu amor, cria em nós -
através da obra do Espírito Santo - as condições adequadas para que possamos
reconhecer a sua Palavra. Deus mesmo, na sua vontade de se manifestar, de
entrar em contato conosco, de estar presente em nossa história, nos permite
ouvi-lo e acolhê-lo.
Mas onde encontramos a fórmula essencial da fé? Onde encontramos a
verdade que nos foi transmitida fielmente e que é luz para a nossa vida
cotidiana? A resposta é simples: no Credo, na Profissão de Fé o Símbolo da fé.
Também hoje precisamos que o Credo seja conhecido melhor,
compreendido e rezado. Sobretudo é importante que o Credo seja, por assim
dizer, “reconhecido”. Conhecer, de fato, poderia ser uma operação apenas
intelectual, enquanto “reconhecer” quer dizer a necessidade de descobrir a
ligação profunda entre a verdade que professamos no Credo e a nossa existência
cotidiana, para que estas verdades sejam verdadeiramente e concretamente – como
sempre foi – luz para os passos do nosso viver, água que irriga o calor do
nosso caminho, vida que vence certos desertos da vida contemporânea. No Credo
se engaja a vida moral do cristão, que nesse encontra o seu fundamento e a sua
justificativa.
Não é por acaso que o Beato João Paulo II quis que o Catecismo da
Igreja Católica, norma segura para o ensinamento da fé e fonte certa para uma
catequese renovada, fosse estabelecido no Credo. Tratou-se de confirmar e
guardar este núcleo central da verdade da fé, tornando-o uma linguagem mais
compreensível aos homens do nosso tempo, a nós. É um dever da Igreja transmitir
a fé, comunicar o Evangelho, a fim de que a verdade cristã seja luz nas novas
transformações culturais, e os cristãos sejam capazes de dar razões da
esperança que portam (cfr 1 Pt3,14).
O cristão muitas vezes não conhece nem sequer o núcleo central da
própria fé católica, do Credo, de modo a deixar espaço a um certo sincretismo e
relativismo religioso, sem clareza sobre a verdade de crer e da singularidade
salvífica do cristianismo. Não está tão longe hoje o risco de construir,
por assim dizer, uma religião “faça você mesmo”. Devemos, em vez disso, voltar
para Deus, ao Deus de Jesus Cristo, devemos redescobrir a mensagem do
Evangelho, fazê-lo entrar de modo mais profundo nas nossas consciências e na
vida cotidiana.
Nas catequeses deste Ano da Fé gostaria de oferecer uma ajuda para
percorrer este caminho, para retomar e aprofundar a verdade central da fé em
Deus, no homem, na Igreja, em toda a realidade social e cósmica, meditando e
refletindo sobre as afirmações do Credo. E gostaria que ficasse claro que este
conteúdo ou verdade da fé (fides quae) se conecta diretamente às nossas vidas; pede
uma conversão da existência, que dá vida a um novo modo de crer em Deus (fides qua).
Conhecer Deus, encontrá-Lo, aprofundar o conhecimento de sua face põe em jogo a
nossa vida, porque Ele entra nos dinamismos profundos do ser humano.
Possa
o caminho que iremos percorrer neste ano fazer-nos crescer todos na fé e no
amor a Cristo, para que aprendamos a viver, nas escolhas e nas ações
cotidianas, a vida boa e bela do Evangelho. Obrigado.
Catequese do dia 17 de
outubro de 2012 – fonte: Zenit
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