sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Catequese de Bento XVI sobre a fé - 17 de outubro


Queridos irmãos e irmãs, Hoje vou apresentar o novo ciclo de catequese.
Com as catequeses deste Ano da Fé gostaríamos de percorrer um caminho para fortalecer ou reencontrar a alegria da fé, compreendendo que essa não é algo estranho, destacado da vida cotidiana, mas é a alma.
A fé exprimi-se como dom, se manifesta nas relações plenas de amor, compaixão, atenção e serviço desinteressado para com o outro. A fé cristã, operante na caridade e forte na esperança, não limita, mas humaniza a vida, de fato torna-a plenamente humana. A fé é acolher esta mensagem transformadora em nossa vida, é acolher a revelação de Deus, que nos faz conhecer quem Ele é, como age, quais são seus planos para nós. 
Eis então, a maravilha da fé: Deus, no seu amor, cria em nós - através da obra do Espírito Santo - as condições adequadas para que possamos reconhecer a sua Palavra. Deus mesmo, na sua vontade de se manifestar, de entrar em contato conosco, de estar presente em nossa história, nos permite ouvi-lo e acolhê-lo. 
Mas onde encontramos a fórmula essencial da fé? Onde encontramos a verdade que nos foi transmitida fielmente e que é luz para a nossa vida cotidiana? A resposta é simples: no Credo, na Profissão de Fé o Símbolo da fé.
Também hoje precisamos que o Credo seja conhecido melhor, compreendido e rezado. Sobretudo é importante que o Credo seja, por assim dizer, “reconhecido”. Conhecer, de fato, poderia ser uma operação apenas intelectual, enquanto “reconhecer” quer dizer a necessidade de descobrir a ligação profunda entre a verdade que professamos no Credo e a nossa existência cotidiana, para que estas verdades sejam verdadeiramente e concretamente – como sempre foi – luz para os passos do nosso viver, água que irriga o calor do nosso caminho, vida que vence certos desertos da vida contemporânea.  No Credo se engaja a vida moral do cristão, que nesse encontra o seu fundamento e a sua justificativa. 
Não é por acaso que o Beato João Paulo II quis que o Catecismo da Igreja Católica, norma segura para o ensinamento da fé e fonte certa para uma catequese renovada, fosse estabelecido no Credo. Tratou-se de confirmar e guardar este núcleo central da verdade da fé, tornando-o uma linguagem mais compreensível aos homens do nosso tempo, a nós. É um dever da Igreja transmitir a fé, comunicar o Evangelho, a fim de que a verdade cristã seja luz nas novas transformações culturais, e os cristãos sejam capazes de dar razões da esperança que portam (cfr 1 Pt3,14). 
O cristão muitas vezes não conhece nem sequer o núcleo central da própria fé católica, do Credo, de modo a deixar espaço a um certo sincretismo e relativismo religioso, sem clareza sobre a verdade de crer e da singularidade salvífica do cristianismo. Não está tão longe hoje o risco de construir, por assim dizer, uma religião “faça você mesmo”. Devemos, em vez disso, voltar para Deus, ao Deus de Jesus Cristo, devemos redescobrir a mensagem do Evangelho, fazê-lo entrar de modo mais profundo nas nossas consciências e na vida cotidiana. 
Nas catequeses deste Ano da Fé gostaria de oferecer uma ajuda para percorrer este caminho, para retomar e aprofundar a verdade central da fé em Deus, no homem, na Igreja, em toda a realidade social e cósmica, meditando e refletindo sobre as afirmações do Credo. E gostaria que ficasse claro que este conteúdo ou verdade da fé (fides quae) se conecta diretamente às nossas vidas; pede uma conversão da existência, que dá vida a um novo modo de crer em Deus (fides qua). Conhecer Deus, encontrá-Lo, aprofundar o conhecimento de sua face põe em jogo a nossa vida, porque Ele entra nos dinamismos profundos do ser humano.
Possa o caminho que iremos percorrer neste ano fazer-nos crescer todos na fé e no amor a Cristo, para que aprendamos a viver, nas escolhas e nas ações cotidianas, a vida boa e bela do Evangelho. Obrigado.
Catequese do dia 17 de outubro de 2012 – fonte: Zenit

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