Por Renato de Moura Petrocco
Queridos irmãos e irmãs, há tempos não publico nada de textos próprios. Ando
meio ocupado com as atividades da faculdade, mas minha cabeça ainda continua
repleta de pensamentos e reflexões, ainda mais nessa etapa da minha vida!
Quando me refiro nesta etapa da minha vida, digo mais especificamente nos
últimos passos da formação para o presbiterato, para o ser padre. Quando me
vejo no último ano me vêm dois sentimentos: angústia e gratidão. Angústia por
me achar indigno de tão sublime missão: estar à frente de uma comunidade
eclesial, caminhando com os irmãos e irmãs, como Povo de Deus, rumo ao Reino. E
gratidão a Deus por me confiar esta missão e por me chamar, apesar de eu não o
merecer.
Nessa etapa muitas pessoas já nos aludem ao futuro próximo, “quase-padre”,
“padre”, às vezes nem nos consideram mais como um simples seminarista, mas
alguém que já está “quase lá”. Aí nos vem o questionamento sobre esse “ser
padre” diante de uma comunidade, diante de Deus e na Igreja. Nos vem as aulas
de teologia, das compreensões do exercício do ministério na Igreja e para a
Igreja.
Outro fator que contribui para a reflexão é a colocação de amigos de caminhada
que interpelam as razões da nossa caminhada e o que buscamos. Parece que nos
encontramos diante da comunidade primitiva, a qual se dirige a Carta de Pedro,
onde o autor afirma que é necessário que demos razões da nossa esperança (1Pd
3,15). E é isso que quero refletir brevemente neste texto.
Parafraseando Santo Agostinho: Aterroriza-me o que sou para vós, consola-me o
que sou convosco. Pois para vós sou “pastor”; convosco sou cristão. Essa frase
de Santo Agostinho parece-nos fundamental para esta reflexão. Claro que está inserida
num contexto determinado, mas ainda se faz atual e gostaria de utilizá-la na
minha compreensão de serviço presbiteral na Igreja. Acredito que o ser padre é
em primeiro lugar, ser cristão, ser um irmão entre os irmãos! Pois é da
comunidade eclesial que descobrimos o Chamado de Deus em nossa vida!
Saimos da Comunidade e nos preparamos para servi-la. O presbiterato só encontra
sua razão no serviço à Comunidade. Estar a serviço do Povo de Deus é, estar a
serviço do próprio Deus e da Igreja. Não somos ordenados apenas para a
“execução” ou celebração dos sacramentos, mas para estar, em primeiro lugar a
serviço, o lava-pés (Jo 13, 13-14). Participar da vida da comunidade nos leva a
celebrá-la, elevar a Deus as alegrias e as esperanças, as tristezas e as
angústias de todo o Povo de Deus (Eucaristia), Evangelizar (Anúncio) novos
cristãos para que, conhecendo a Jesus e seu Projeto, possam aderir à fé e
ingressar na Comunidade (Batismo), encontrando na Comunidade as forças
necessárias para superar as enfermidades (Unção dos Enfermos), reconhecendo
suas limitações (Penitência) e ser sempre firme na construção do Reino (Crisma)
e se necessário consagrar toda a sua vida ao Reino (Ordem e consagração
religiosa).
Acredito que o ser padre supera apenas a “profissionalização” do presbiterato,
mas o ser Igreja com a Igreja, estar em comunhão com todo o presbitério, com o
bispo (sucessor dos apóstolos e símbolo de toda a unidade da Igreja). É, como
animador e presidente das celebrações, ajudar a vida litúrgica (não mero rito)
de toda a Comunidade. Para que possa rezar e elevar a Deus toda a sua vida e
agradecer a Sua ação na sua vida e na sua história. É contribuir na construção
do Reino, como cristão, como irmão entre irmãos, no serviço a Deus na Igreja,
junto com os irmãos e irmãs de nossas comunidades, sendo um sinal, um
sacramento na Comunidade.
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