sexta-feira, 17 de maio de 2013

Pentecostes, por Dom Pedro José Conti

No domingo de Pentecostes, devemos refletir sobre o Espírito Santo, a “força do alto”, o advogado, o consolador, prometido e doado por Jesus. Ele mesmo quando falou do Espírito a Nicodemos o comparou ao vento, porque sopra onde quer e ninguém sabe de onde vem e para onde vai (cf. Jo 3,8). Não tem portas e nem janelas que possam segurá-lo. O Espírito é a liberdade de Deus para amar. Uma liberdade que, parece uma contradição, o obriga a amar. Deus não escolhe e por isso não pode errar e nem fazer menos, pior ou diferente. É a perfeita liberdade de fazer e escolher sempre o único melhor: amar. Também se pode custar a vida do Filho encarnado.

O Espírito é o contrário do interesse, da ganância, do lucro e da vantagem. O Espírito é pura gratuidade. Se não fosse assim, se Deus escolhesse as coisas para ter algo em troca, esta, sim, seria uma contradição do amor. Não seria mais o amor total. Como as brincadeiras das crianças, muito ocupadas em gastar livremente as suas energias. Liberdade e gratuidade juntas para amar.

Pensando bem, o Espírito Santo é também o contrário da prudência, do medo, dos cálculos estratégicos. Os apóstolos perdem o medo, as portas são escancaradas; não para que entrem os judeus ameaçadores, mas para que eles possam sair. A boa notícia de Jesus agora está livre para chegar até os confins da terra.

O Espírito Santo é o contrário da dúvida, da confusão, da desunião. A fé é proclamada sem titubeios: Jesus é o Senhor. O anúncio é ouvido e compreendido por cada um em sua própria língua. Os povos continuam diferentes com sua própria história e sua própria cultura, mas agora se encontram para formar um único corpo onde as diversidades enriquecem e vale para todos e acima de todos o bem comum.

O dia de Pentecostes é também o dia do envio em missão. Depois daquele dia, o Evangelho nunca mais voltou atrás. Nós, os cristãos, é que podemos ficar parados, podemos ter resolvido dar um tempo, decidido descansar. O Espírito Santo não, porque vai à nossa frente, antecipa-se, prepara os ouvidos e os corações para que acolham a Palavra de Vida. O Espírito Santo é a força da evangelização. Ajuda o pregador a falar, o catequista a explicar, os pais a educarem na fé os seus filhos. Mas também está com os filhos, com os que buscam a verdade e até com os indiferentes, incomodados pela Boa Notícia.

O Espírito não promete nada em troca. Ele mesmo é a meta e o prêmio. É só gratuidade e liberdade porque somente é amor.

Dom Pedro José Conti

terça-feira, 14 de maio de 2013

O Papa Francisco e sua simplicidade


Papa Francisco: Imitador da simplicidade de Jesus Cristo

            A Igreja para o Papa Francisco existe para transparecer Jesus Cristo. Por isso ela deve ser pobre, simples, generosa e alegre.
            A pobreza pessoal de Bergoglio não é oportunismo midiático, ele sempre foi assim. Nunca se sentiu digno de deixar-se servir e os seus gestos simples de serviço são conhecidos. Sempre evitou mostrar-se como superior. O gosto pela simplicidade é outra característica sua que pode desconcertar as praticas e costumes do Vaticano.
            O Papa Francisco é simples não apenas nas roupas que veste e na linguagem que usa, mas também nos costumes. A sua opção pela simplicidade não é apenas amor à pobreza, mas é desejo de assemelhar-se mais com os pobres, sentindo-se um deles, de modo que os pobres fiquem mais à vontade com seu pastor. Por isso, a linguagem que o Papa Francisco usa é de fácil compreensão e acessível a todos.
            Algumas pessoas pode se enganar, pensando que ele não tenha boa formação teológica; seria um erro afirmar isso. O jesuíta Bergoglio é um pensador com ampla e profunda cultura e uma sólida formação teológica. A sua preocupação não é deslumbrar, mas sim, ser acessível a todos.
A simplicidade de Bergoglio é perceptível no conteúdo que ele seleciona e destaca em seus escritos e discursos e também na forma didática que os apresenta. Ele entende que a sua pregação deve manter uma dimensão sadia onde a insistência em que algumas coisas, por mais importantes que sejam, não ofusquem o brilho daquelas que espelham diretamente o Jesus do Evangelho.
Extraído da Revista “O Mílite” nº 265. p. 16-18
Artigo o Padre e Doutor Victor Manuel Fernandez,
antigo amigo e colaborador do Cardeal Bergoglio.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

A atividade humana no mundo


Da Constituição pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja 
no mundo contemporâneo, do Concílio Vaticano II


Por seu trabalho e inteligência, o homem procurou sempre mais desenvolver a sua vida.
Hoje em dia, porém, ajudado antes de tudo pela ciência e pela técnica, ele estendeu
continuamente o seu domínio sobre quase toda a natureza; e, principalmente, graças aos
meios de intercâmbio de toda espécie entre as nações, a família humana pouco a pouco se
reconhece e se constitui como uma só comunidade no mundo inteiro. Por isso, muitos bens
que o homem esperava antigamente obter sobretudo de forças superiores, hoje os consegue
por seus próprios meios.

Diante deste esforço imenso, que já penetra a humanidade inteira, surgem muitas perguntas
entre os homens. Qual é o sentido e o valor desta atividade? Como todas estas coisas devem
ser usadas? Qual a finalidade desses esforços, sejam eles individuais ou coletivos?

A Igreja, guardiã do depósito da palavra de Deus, que é a fonte dos seus princípios de
ordem religiosa e moral, embora ainda não tenha uma resposta imediata para todos os
problemas, deseja no entanto unir a luz da revelação à competência de todos, para iluminar
o caminho no qual a humanidade entrou recentemente.

Para os fiéis é pacífico que a atividade humana individual e coletiva, aquele imenso esforço
com que os homens, no decorrer dos séculos, tentaram melhorar as suas condições de vida,
considerado em si mesmo, corresponde ao plano de Deus.

Com efeito, o homem, criado à imagem de Deus, recebeu a missão de dominar a terra com
tudo o que ela contém e de governar o mundo na justiça e na santidade, isto é,
reconhecendo a Deus como Criador de todas as coisas, orientando para ele o seu ser e todo
o universo; assim, com todas as coisas submetidas ao homem, o nome de Deus seja
glorificado na terra inteira.

Isto diz respeito também aos trabalhos cotidianos. Pois os homens e as mulheres que, ao
procurar o sustento para si e suas famílias, exercem suas atividades de maneira a bem servir
à sociedade, têm razão para ver no seu trabalho um prolongamento da obra do Criador, um
serviço a seus irmãos e uma contribuição pessoal para a realização do plano de Deus na
história.

Portanto, bem longe de pensar que as obras produzidas pelo talento e esforço dos homens
se opõem ao poder de Deus, ou considerar a criatura racional como rival do Criador, os
cristãos, pelo contrário, estão convencidos de que as vitórias do gênero humano são um
sinal da grandeza de Deus e fruto de seus inefáveis desígnios. Quanto mais, porém, cresce o
poder dos homens, tanto mais aumenta a sua responsabilidade, seja pessoal seja
comunitária.

Donde se vê que a mensagem cristã não afasta os homens da tarefa de construir o mundo
nem os leva a negligenciar o bem de seus semelhantes; mas, antes, os impele a sentir esta
obrigação como um verdadeiro dever.