A devoção ao Sagrado Coração de Jesus tem a sua origem na Sagrada Escritura. Nela o coração de Jesus é mostrado como símbolo infinito amor de Deus por nós. No Calvário o soldado abriu o lado de Cristo com a lança (Jo 19, 34). Jesus é a Encarnação viva do Amor de Deus, e seu Coração é o símbolo desse Amor. Diz a Liturgia que “aberto o seu Coração divino, foi derramado sobre nós torrentes de graças e de misericórdia”.
Este Sagrado Coração é a imagem do amor de Jesus por cada um de nós. Cristo é uma fornalha ardente de amor que aplaca e chama: “Vinde a Mim,... porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 28-29). É o convite a que cada um de nós retribua a Jesus este amor, vivendo segundo a sua vontade e trabalhando com a Igreja pela salvação das almas.
Muitos Santos veneraram o Coração de Jesus. Santo Agostinho disse: “Vosso Coração, Jesus, foi ferido, para que na ferida visível contemplássemos a ferida invisível de vosso grande amor”.
- Santa Margarida Maria Alacoque
Jesus revelou o desejo da Festa ao seu Sagrado Coração à religiosa francesa Santa Margarida Maria Alacoque. Ela nasceu em 22 de agosto de 1647, na Borgonha, França e desde a infância enfrentou sérias dificuldades. Seu pai morreu e, logo em seguida, Margarida adoeceu. Sofreu com uma doença desconhecida, vivendo algum tempo na cama. Médicos e remédios não conseguiram curá-la.
Margarida, então, fez uma promessa para Nossa Senhora de que se fosse curada, dedicaria sua vida ao serviço de Deus. Logo depois ela ficou curada. Convencida de que passara por uma intervenção divina, aos vinte e quatro anos foi para Paray-le-Monial, e entrou para a Ordem da Visitação, fundada por São Francisco de Sales, sessenta anos antes.
Em 1673, na festividade de São João Evangelista, irmã Margarida Maria estava rezando diante do Santíssimo Sacramento. Jesus, então, se manifestou a ela de forma visível. Tal cena iria se repetir durante dois anos, sempre na primeira sexta-feira de cada mês.
Ao falar dessas visões, passou por incompreensões e julgamentos precipitados. Mas o padre jesuíta Cláudio de la Colombiére foi indicado para fazer seu acompanhamento espiritual. Ele era muito respeitado no tratamento de experiências místicas. Com discrição o zeloso padre conseguiu penetrar nesse mistério, até referendar as palavras de Margarida Maria.
Ao final de dois anos, na manifestação de 1675, Jesus se apresentou com o peito aberto e, apontando para o coração disse: “Eis este coração que tanto tem amado os homens... Não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios, indiferenças... Eis que te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento (Corpus Christi) seja dedicada a uma festa especial para honrar o meu coração, comungando e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de desagravo, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares; e prometo-te que o meu Coração se dilatará para derramar com abundância o Divino Amor sobre os que tributam esta divina honra”.
Margarida teve o consolo de ver que, aos poucos foi se consolidando a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Morreu suavemente, no dia 17 de outubro de 1690, quando estava com 43 anos de idade. Foi canonizada em 1920, pelo papa Bento XV. A data da sua festa foi antecipada em um dia, 16 de outubro, para não coincidir com a de santo Inácio de Antioquia.
- Propagação do Culto ao Sagrado Coração de Jesus
Como conseqüência das aparições de Nosso Senhor a Santa Margarida Maria, o culto ao Sagrado Coração teve um incremento notável e adquiriu a sua feição hoje conhecida. Nenhuma outra comunicação divina, fora as da Sagrada Escritura, receberam tantas aprovações e estímulos da parte do Magistério da Igreja como esta.
São João Eudes, grande propagador desta devoção no século XVII, escreveu o primeiro ofício litúrgico em honra do Coração de Jesus, cuja festa se celebrou pela primeira vez na França, em 20 de outubro de 1672. O Papa Clemente XIII aprovou a Missa em honra do Coração de Jesus e Pio X, dia 23 de agosto de 1856, estendeu a Festa para toda a Igreja a ser celebrada na sexta-feira da semana subseqüente à festa de Corpus Christi. Em 1899 o papa Leão XIII consagrou o mundo ao Sagrado Coração de Jesus (o Equador já tinha se consagrado em 1874).
O Papa Pio XII afirmou que tudo o que S. Margarida declarou “estava de acordo com a nossa fé católica”. Este foi um grande sinal a mais da misericórdia e da graça para as necessidades da Igreja. Entre os documentos mestres da devoção ao Sagrado Coração de Jesus encontramos a encíclica de Pio XII, Haurietis aquas, de 15 de Maio de 1956.
Pio XII salienta que é o próprio Jesus que toma a iniciativa de nos apresentar o Seu Coração como fonte de restauração e de paz: “Vinde a mim, todos vós, que estais cansados e oprimidos, que Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mt. 11, 28-30).
Pio XII disse ainda: “Nada proíbe que adoremos o Coração Sacratíssimo de Jesus Cristo, enquanto é participante e símbolo natural e sumamente expressivo daquele amor inexaurível em que, ainda hoje, o Divino Redentor arde para com os homens”.
Paulo VI disse certa vez que essa devoção é garantia de crescimento na vida cristã e garantia da salvação eterna.
- Origem do Apostolado da Oração
O Apostolado da Oração teve origem numa casa de estudo da Companhia de Jesus, em Vals, perto de Le Puy na França. Em 1844, no dia da festa de São Francisco Xavier, o Padre Espiritual do Colégio, Pe. Francisco Xavier Gautrelet, fez uma conferência aos estudantes, em que explicou como podiam eficazmente satisfazer o desejo de colaborar com os que trabalhavam nos vários campos de apostolado para a salvação dos homens.
Podiam fazê-lo, sem interromper o seu trabalho principal, que era o estudo, oferecendo com fim apostólico as suas orações, os seus sacrifícios e trabalhos.
As idéias propostas naquela exortação espiritual deram origem e constituem o fundamento do Apostolado da Oração. Elas foram recebidas com entusiasmo pelos estudantes e divulgadas primeiro nas terras vizinhas do colégio e depois em toda a França.
As idéias propostas naquela exortação espiritual deram origem e constituem o fundamento do Apostolado da Oração. Elas foram recebidas com entusiasmo pelos estudantes e divulgadas primeiro nas terras vizinhas do colégio e depois em toda a França.
Para difundir estas idéias, o próprio Pe. Gautrelet sugeriu a criação de uma pequena organização com o nome precisamente de «Apostolado da Oração», que teve a aprovação do Bispo de Le Puy e, em 1849, alcançou as primeiras indulgências do Papa Pio IX.
A divulgação propriamente dita do Apostolado da Oração deve-se principalmente ao sacerdote jesuíta Padre Henrique Ramière, que deve considerar-se o verdadeiro divulgador e organizador do Apostolado da Oração no mundo.
O Pe. Ramière, por meio de numerosos escritos, em que soube harmonicamente unir a simplicidade de expressão e a profundidade de pensamento teológico, propagou o Apostolado da Oração em todas as classes de pessoas e a todos os níveis, e deu à Obra forma definitiva e organização estável.
Em 1861, foi publicado o livro intitulado “O Apostolado da Oração”. No mesmo ano, começou a publicação de uma revista intitulada “Mensageiros do Coração de Jesus”, a qual rapidamente difundiu-se nos anos seguintes em outras nações das mais diversas línguas: Itália, Áustria, Estados Unidos da América, Espanha, Colômbia, Hungria, Inglaterra, Holanda, Bélgica etc.
Quando Pe. Ramière faleceu em 1883 o Apostolado da Oração já tinha 35 mil centros, com mais de 13 milhões de associados nas várias partes do mundo.
- O Apostolado da Oração no Brasil
Em nosso país o primeiro centro do AO foi fundado no dia 30 de junho de 1867, na cidade de Recife/PE, na Igreja Santa Cruz, oficiada pelos padres Jesuítas, que chegaram em Pernambuco no ano de 1865. O Pe. Bento Schembri, SJ foi seu fundador e primeiro Diretor.
Em 1º de outubro de 1871, o Pe. Bartolomeu Taddei, SJ fundou oficialmente o primeiro centro do Apostolado da Oração na cidade Itu/SP, formando, logo, outros centros em nível diocesano e nacional. Por esta razão o Pe. Bartolomeu Taddei é considerado o fundador e o propagador do Apostolado no Brasil.
Nomeado Diretor Nacional, o Pe. Taddei estendeu o Apostolado a todos os estados, de tal forma que o Cardeal Dom Sebastião Leme, arcebispo do Rio de Janeiro, pôde afirmar que “o renascimento espiritual do Brasil é obra do Apostolado da Oração”.
No dia 1º de junho de 1869, o Pe. Taddei conseguiu superar as dificuldades e lançar o primeiro número da revista “Mensageiros do Coração de Jesus” como órgão do Apostolado da Oração.
Além disto, com a colaboração fervorosa do Apostolado, o Pe. Taddei realizou o Primeiro Congresso Católico Brasileiro em 1900, na Bahia, completado com o Congresso de São Paulo e o do Rio de Janeiro.
Intensificando a vida eucarística e o culto ao Sagrado Coração de Jesus, o Apostolado da Oração revitalizou por toda parte a prática da religião, tanto individual, como nos lares por meio da consagração das famílias, através da consagração dos municípios, cidades e estados de todo o Brasil.
A consagração do nosso país foi realizada oficialmente por ocasião do 36º Congresso Eucarístico Internacional, celebrado em 1956 na cidade do Rio de Janeiro.
O Pe. Taddei faleceu no dia 03 de junho de 1913, na cidade de Itu/SP, junto ao Santuário Central do Sagrado Coração de Jesus por ele edificado, deixando em pleno funcionamento 1.390 centros do Apostolado da Oração espalhados por todo o Brasil, com cerca de 3 milhões de associados.
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