quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Irmã Dulce será beatificada

A Congregação das Causas dos Santos do Vaticano reconheceu a beatificação de Irmã Dulce (1914-1992) ao validar um milagre. O anúncio da beatificação foi feito pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, d. Geraldo Majella Agnelo, nesta quarta-feira.
Segundo Agnelo, a processo precisa ser assinado pelo papa Bento 16. A cerimônia de beatificação deve ter marcada até o final do ano.

Divulgação
Congregação das Causas dos Santos do Vaticano reconheceu a beatificação de irmã Dulce (1914-1992)ao validar milagre
Congregação das Causas dos Santos do Vaticano reconheceu a beatificação de irmã Dulce (1914-1992)ao validar milagre
A congregação reconheceu como milagre de Irmã Dulce a recuperação de uma mulher sergipana que teria sido desenganada pelos médicos durante o parto, depois de sofrer uma forte hemorragia.
Em seguida, com a comprovação de outro milagre, a religiosa poderá ser santificada. O processo de irmã Dulce começou a tramitar no Vaticano em 2000.
Conhecida como "o anjo bom da Bahia", Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, a Irmã Dulce, era devota de santo Antônio e começou a praticar caridade aos 13 anos, ajudando os mendigos que moravam nas ruas de Salvador. Cinco anos mais tarde, ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição.
Durante a visita do papa ao Brasil em 2007, o então governador de São Paulo, José Serra (PSDB), enviou carta pedindo a beatificação de irmã Dulce.
Em junho deste ano, o corpo de Irmã Dulce foi exposto ao público pela última vez antes de ser transferido para um túmulo lacrado na capela das Relíquias, em Salvador (BA).
Exumado em maio, o corpo da religiosa estava mumificado e seu hábito (traje de freira), preservado.
Fonte: UOL
- Biografia
Irmã Dulce
(Religiosa brasileira)
26-5-1914, Salvador (BA) 
13-3-1992, Salvador (BA) 

A fragilidade de Irmã Dulce era apenas aparente. A miudinha freira, raro exemplo de bondade e amor, foi arquiteta de uma das mais notáveis obras sociais do Brasil. Nascida Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, com 13 anos manifestou o desejo de entrar para o convento. Na época, já inconformada com a pobreza, amparava miseráveis e carentes. 
Aos 18, recebeu o diploma de professora e entrou para a Congregação da Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, do Convento de São Cristóvão, em Sergipe. Com os votos de profissão de fé, a já então Irmã Dulce, em homenagem à mãe, voltou a Salvador, onde trabalhou como enfermeira voluntária e professora de Geografia. 
Sem vocação para lecionar, dedicou-se ao trabalho social nas ruas. Começou prestando assistência à comunidade favelada dos bairros de Alagados e de Itapagipe. Mais tarde, fundou a União Operária São Francisco, primeiro movimento cristão operário de Salvador, e depois o Círculo Operário da Bahia, que proporcionava atividades culturais e recreativas, além de uma escola de ofício. 
Criou, em 1939, o Colégio Santo Antônio, instituição pública para os operários e seus filhos. No mesmo ano, ocupando um barracão, passou a abrigar mendigos e doentes, levados depois ao Mercado do Peixe, nos Arcos do Bonfim. 
Desalojados pelo prefeito da cidade, acolheu-os, com a permissão da madre superiora, no galinheiro do Convento das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição, transformado em 1960, com o apoio do governador do Estado, que cedeu um terreno, em Albergue Santo Antônio, com 150 leitos (hoje o Hospital Santo Antônio). 
Inaugurou ainda um asilo, o Centro Geriátrico Júlia Magalhães, e um orfanato, o Centro Educacional Santo Antônio, que abriga atualmente 300 crianças de 3 a 17 anos e oferece cursos profissionalizantes.


- Processo de beatificação

A decisão será encaminhada ao Papa Bento XVI, que deverá chancelar o título nos próximos meses. Após essa etapa, para ser considerada beata, é preciso a comprovação de milagre ocorrido por meio da intervenção de Irmã Dulce. Comprovado um segundo, a irmã poderá ser santificada.
A Congregação para a Causa dos Santos é um colégio formado por cardeais, bispos e teólogos que analisam as virtudes heroicas de uma “serva de Deus”, como foi o caso da freira, comparada, segundo o texto final, a uma “madre Teresa de Calcutá”. Para o voto, os membros estudaram o Positio, documento canônico misto de relato biográfico e das virtudes e resumos dos testemunhos do processo de beatificação. O de Irmã Dulce foi elaborado por frei Paulo Lombardo, o chamado advogado dos santos, que trabalha nas causas de 60 candidatos, dos quais 15 são do Brasil.
Segundo o advogado, embora a decisão final sobre a concessão do título de venerável seja do Papa, nunca houve uma posição diferente de um pontífice em relação à recomendada pela Congregação.
Frei Lombardo considera que “seguramente” Irmã Dulce preenche todos os requisitos para ser considerada beata:
- Acho que o milagre de cada dia é a obra social que a Irmã Dulce desenvolveu.
O processo de beatificação de Irmã Dulce começou em janeiro de 2000. Entre os milagres atribuídos à religiosa está o que teria beneficiado uma mulher com problemas de hemorragia no parto. Os médicos achavam que era impossível salvá-la. Uma corrente de orações dirigidas à Irmã Dulce foi feita, e ela conseguiu se recuperar.
Irmã Dulce dedicou a vida à causa dos pobres e desvalidos
Chamada pelo escritor e devoto Jorge Amado de Santa Dulce da Bahia, a freira comoveu a Bahia em seus 77 anos de renúncias e dedicação aos pobres. Desde o dia 13 de março de 1992, data de sua morte, o número de graças concedidas pela intercessão de Irmã Dulce tem se multiplicado em todo Brasil.
Um dos cerca de três mil registros de possíveis milagres recebidos pela Obra Social Irmã Dulce (OSID), nos últimos 14 anos, já foi aprovado pela comissão jurídica do Vaticano, na primeira fase do seu processo de beatificação, iniciado em janeiro de 2000.
Batizada de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, a professora de história e geografia resolveu homenagear a mãe, que morreu quando ela tinha apenas 6 anos, ao se ordenar freira da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em Sergipe, aos 20 anos. Dali em diante, ela seria conhecida, e cultuada, como Irmã Dulce.
A dedicação aos necessitados começou bem antes de seu ingresso na vida religiosa. Aos 13 anos, após conhecer uma comunidade carente na companhia de uma tia, Irmã Dulce começou a ajudar aos necessitados na porta de sua casa, em Salvador.
Nas duas primeiras visitas que fez ao Brasil, o Papa João Paulo II desviou seu percurso para visitar a Mãe dos Pobres na Bahia. Em outubro de 1991, Irmã Dulce já não dormia mais na cadeira de madeira onde passara as noites dos últimos 30 anos de sua vida.
Com 70% da capacidade respiratória comprometida, a freira baiana recebeu o Santo Padre em sua cama de enferma no Convento Santo Antônio (inaugurado por ela em 1947), onde cinco meses depois viria a falecer.
Foi no galinheiro desse mesmo convento que, em 1949, ela instalou os 70 doentes carentes que cuidava, dando origem ao Hospital Santo Antônio, hoje reconhecido pelo Ministério da Saúde como o maior hospital beneficente do Brasil.

Nenhum comentário: