segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Leigos são co-responsáveis na Igreja



Trechos da Mensagem do Papa Bento XVI à 6ª Assembleia Ordinária do Foro Internacional da Ação Católica – Romênia - Setembro de 2012

A co-responsabilidade exige uma mudança de mentalidade relativa, em particular, ao papel dos leigos na Igreja, que devem ser considerados não como «colaboradores» do clero, mas como pessoas realmente «co-responsáveis» do ser e do agir da Igreja. Por conseguinte, é importante que se consolide um laicado maduro e comprometido, capaz de oferecer a sua contribuição específica para a missão eclesial, no respeito pelos ministérios e pelas tarefas que cada um desempenha na vida da Igreja e sempre em comunhão cordial com os Bispos.

A este propósito, a Constituição dogmática Lumen Gentium qualifica o estilo das relações entre leigos e Pastores, com o adjetivo «familiar»: «Muitos bens se devem esperar destas relações confiantes entre leigos e pastores: é assim que se fortalece nos leigos o sentido da própria responsabilidade, que se fomenta o seu empenho e mais facilmente se associam as suas energias à obra dos pastores. Estes, por sua vez, ajudados pela experiência dos leigos, tanto nas realidades espirituais como nas temporais, julgarão com mais clareza e exatidão, a fim de que a Igreja inteira, com a energia de todos os seus membros, cumpra mais eficazmente a sua missão para a vida do mundo» (n. 37).

Estimados amigos, é importante aprofundar e viver este espírito de comunhão profunda na Igreja, característica dos primórdios da Comunidade cristã, como testemunha o livro dos Atos dos Apóstolos: «A multidão de quantos haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma» (4, 32). Senti como vosso compromisso no cumprimento da missão da Igreja: com a oração, com o estudo, com a participação concreta na vida eclesial e com um olhar atento e positivo ao mundo, na busca contínua dos sinais dos tempos. Não vos canseis de aperfeiçoar cada vez mais, com um compromisso formativo sério e quotidiano, os aspectos da vossa vocação peculiar de fiéis leigos, chamados a ser testemunhas corajosas e credíveis em todos os âmbitos da sociedade, a fim de que o Evangelho seja luz que infunde esperança nas situações problemáticas, de dificuldade e de obscuridade que os homens de hoje encontram com freqüência no caminho da vida.

Orientar para o encontro com Cristo, anunciando a sua Mensagem de salvação com linguagens e modos compreensíveis no nosso tempo, caracterizado por processos sociais e culturais em rápida transformação, é o grande desafio da nova evangelização. Encorajo-vos a continuar com generosidade o vosso serviço à Igreja, vivendo plenamente o vosso carisma, que tem como característica fundamental a assunção da finalidade apostólica da Igreja na sua globalidade, em equilíbrio fecundo entre Igreja universal e Igreja local, e em espírito de íntima união com o Sucessor de Pedro e de co-responsabilidade diligente com os próprios Pastores (cf. Concílio Ecuménico Vaticano II, Decreto sobre o apostolado dos leigos Apostolicam actuositatem, 20).

Nesta fase da história, à luz do Magistério social da Igreja, trabalhai inclusive para serdes cada vez mais um laboratório de «globalização da solidariedade e da caridade», para crescerdes na co-responsabilidade com toda a Igreja e oferecerdes um futuro de esperança à humanidade, tendo também a coragem de formular propostas exigentes.

Hoje sois chamados a renovar o compromisso de percorrer o caminho da santidade, mantendo uma vida intensa de oração, favorecendo e respeitando percursos pessoais de fé e valorizando as riquezas de cada um, com o acompanhamento dos sacerdotes assistentes e de responsáveis capazes de educar para a co-responsabilidade eclesial e social.

A vossa vida seja «transparente», guiada pelo Evangelho e iluminada pelo encontro com Cristo, amado e seguido sem temor. Assumi e compartilhai as opções pastorais das dioceses e das paróquias, privilegiando ocasiões de encontro e de colaboração sincera com os demais componentes da comunidade eclesial, criando relações de estima e de comunhão com os sacerdotes, para uma comunidade viva, ministerial e missionária.

Cultivai relacionamentos pessoais autênticos com todos, a começar pela família, e oferecei a vossa disponibilidade à participação em todos os níveis da vida social, cultural e política, tendo continuamente em vista o bem comum.
Grifo nossoMarcio Canteli

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Orientações para se fazer uma boa leitura na Missa


     
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O ministério de Leitor é um dos mais importantes na celebração eucarística. Antes de tudo, é bom, lembrar que é um ministério, isto é, um serviço à Igreja. Ao proclamar a Palavra de Deus, você não é um simples repetidor de palavras, mas é transmissor de uma mensagem de vida. Você torna-se um instrumento que Deus usa para comunicar-se com as pessoas que estão ali, celebrando. Você empresta sua boca, voz e todo o seu ser para que a mensagem de Deus possa chegar àquelas pessoas. Quando você diz “Palavra do Senhor”. A leitura será tanto mais bem feita quanto melhor você deixar Deus falar por você.
           
Procure tratar com muito respeito o livro santo da Palavra de Deus e tê-lo com fé e alegria. Você é um verdadeiro profeta e evangelizador.

            Nervos – Mais ou menos todo mundo tem. O que fazer? Prepare bem, respire antes de começar, encoste a mão na estante para não tremer. O nervosismo só desaparece com o tempo. Mas perder o nervo ainda não quer dizer que a leitura melhora. Se você entrar em pânico, respire devagar e fundo. “Calma e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”.

            Ler o texto antes – Leia antes o texto em voz alta e várias vezes, ouvindo a própria voz. Assim, você entenderá bem o seu sentido e poderá dar a devida entonação a cada frase. Saber com antecedência quais deve ressaltar, onde estão os pontos, as vírgulas, em quais palavras poderá equivocar-se. Eventualmente, marque intervalos, respiração, palavras difíceis, acentos... A única maneira de aprender a ler bem é ensaiar, de preferência ouvindo a si mesmo num gravador. Você deve entender o que está lendo. Se nem você entender... e o povo, percebe!.

            Convicção – O fundamental para uma boa leitura é a convicção. O leitor precisa passar a convicção de que acredita naquilo que está lendo. Para isso, ele precisa rezar o texto antes. Se quiser, faça antes esta oração: “Senhor, tome conta de mim, para que eu seja um instrumento seu na transmissão de sua Palavra viva. Nossa Senhora Aparecida, fique ao meu lado. Amém”.
            Ao aproximar-se do ambão – Faça-o com respeito e calma, caminhando lentamente e sem chamar a atenção para si. Se passar pela frente do altar, faça reverência a ele. É importante a maneira como você se veste para esse ministério. Faça tudo com humildade. Você não vai lá para se projetar.

            Postura digna – Quando você está diante do ambão, tome cuidado com a posição do corpo. Não se trata de ficar rígido como uma estátua, mas também você não deve ler, por exemplo, com a mão no bolso. Se você faz gestos fora, diferente, vai distrair a assembléia. É o que a gente chama de “ruído” litúrgico. Evite coçar o nariz. Se o pé está doendo, deixe doer. Se não houver ambão, escolha um lugar bem visível. Não se esconda.

            Observe a acústica - Dependendo da acústica da igreja, o som ressoa muito alto e confuso. Faz eco.  Para que todos entendam, leia devagar e pausadamente.

            O bom uso do microfone – Logo ao chegar, verifique com calma se seu microfone está ligado (a chavinha deve estar para cima). Segure o microfone uns cinco centímetros abaixo da boca. Não na frente da boca, para não sair o ruído do sopro e não encostar o microfone na boca. Regule o microfone antes da celebração.  Nunca bata nem sopre no microfone para experimentar. Use somente a voz para testar. Se o microfone parar de funcionar, continue normalmente a leitura, apenas fale mais alto.

            Leia com boa velocidade – Não leia rápido demais. Se a sua dicção for diferente, será ainda mais grave, já que dificilmente alguém conseguirá entendê-lo. Também não leia muito lentamente, com pausas prolongadas, para não entediar os ouvintes. O principal defeito dos leitores é de ler muito depressa. Se pronunciarmos bem, a pessoa pode entender tudo. Ao chegar ao ambão, respire bem antes de começar a ler, contemple a assembléia e a acolha com o olhar e com um suave sorriso.

            Pronuncie bem as palavras – Pronuncie completamente todas as palavras. Principalmente não omita a pronúncia dos “s” e “r” finais e dos “i” intermediários. Por exemplo: fale primeiro, janeiro, terceiro, precisar, trazer, levamos, e não janero, tercero, precisa, traze, levamo... Pronunciando todos os sons corretamente, a mensagem será melhor compreendida pelos ouvintes e haverá maior valorização da imagem de quem lê.

            Leia com boa intensidade – Se ler muito baixo, as pessoas que estiverem distantes não entenderão as palavras e deixarão de prestar atenção. Também não deverá ler muito alto porque, além de se cansar rapidamente, poderá irritar os ouvintes. Leia numa altura adequada para cada ambiente ou serviço de som. Nunca deixe, entretanto, de ler com entusiasmo e vibração. Se não demonstrar interesse por aquilo que transmite, não conseguirá também interessar os ouvintes.

            Leia com bom ritmo – Alterne a altura e a velocidade da leitura para construir um ritmo agradável de comunicação. Quem lê com velocidade e altura constantes acaba por desinteressar os ouvintes.

            Expressividade – Colocar expressão e sentimento na leitura. Observe que o tom de voz é diferente quando se está narrando alguma coisa e quando se está pronunciando a palavra de alguém.  Por exemplo, ao ler Lc 10, 38-42, a assembléia deve sentir a afobação de Marta e a serenidade de Jesus. Leia de acordo com o tipo de texto: poesia, comentário, história, oração, salmo... A leitura deve ter ritmo! Mais que ler, procure proclamar a Palavra de Deus.

            Olhar para o povo – Os olhos não devem estar o tempo todo fixos no livro, mas de vez em quando, levantá-los e dirigi-los com tranqüilidade aos que o escutam. Isso prende a atenção dos ouvintes e ajuda-os a destacar as frases mais importantes. Olhar os ouvintes em uma frase importante fá-los penetrar mais. Além disso, ajuda o clima da leitura, faça uma pausa, fite as pessoas para então dizer: “Palavra do Senhor”. E não saia do ambão antes da resposta do povo.

            O começo da leitura – Você começa dizendo: “Leitura dos Atos dos Apóstolos”. Não precisa dizer Capitulo e Versículos e nem ler a epígrafe. 


LEITURA NA LITURGIA

1.      O Leitor é o porta-voz de Deus e ministro da Igreja;

2.       Leitor integra uma equipe de Celebração e “mastiga” a Palavra;

3.      Ler é para si, em silêncio e proclamar é para os outros;

4.      O Leitor personaliza o texto e proclama a Palavra na sua interpretação;

5.      Evitar proclamação teatral (falsa), impessoal e monótona;

6.      Ler olhando para a assembléia, com ritmo, expressão e ênfase;

7.      Tenha o mínimo de técnica, dicção, articulação, pausa e ritmo.
  

DICAS

DICÇÃO: Pronunciar com clareza e precisão.

ARTICULAÇÃO: Pronúncia nítida da silaba, consoantes e vogais.

ACENTUAÇÃO: Levantar ou abaixar a voz para dar maior sentido à palavra ou frase.

ENTONAÇÃO: Subindo ou descendo para dar ênfase à idéia.

PAUSA: É o intervalo de uma palavra à outra para dar sentido ou para respirar, conforme a acentuação gráfica.

RITMO: É a velocidade com que se lê. Cria interesse, chama a atenção ou dispersa os ouvintes.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O Ano Litúrgico

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É a celebração de toda a vida de Jesus Cristo ao longo de um ano. A cada ano revivemos as etapas mais importantes da vida de Nosso Senhor, desde a Encarnação e Nascimento até a Ascensão e Pentecostes. Dizia o Papa Paulo VI “O Ano Litúrgico não é apenas uma recordação das ações de Jesus ou lembrança de ações passadas, mas sua celebração tem força e eficácia para alimentar a vida cristã”. Ou seja, os através do Ano Litúrgico fazemos a experiência de se configurar ao Senhor e dele aprendemos a viver.
A Igreja estabeleceu uma seqüência de leituras bíblicas que se repetem a cada três anos nos domingos. No Ano A, lê-se o Evangelho de são Mateus, no Ano B o de Marcos, no Ano C o de são Lucas e nas festas e solenidades o Evangelho de são João.
Para os dias da semana o Evangelho é o mesmo todo ano. A leitura e o salmo seguem um ciclo bienal dividido entre ano par e ano impar. Para as festas e algumas memórias dos santos temos leituras próprias indicadas no Lecionário Santoral.
Há uma hierarquia nas comemorações da Igreja. As mais importantes são as solenidades, como Páscoa, Natal, Pentecostes, etc. Abaixo vêm as festas, como Apresentação do Senhor, Apóstolos, Transfiguração, etc. A memória é a recordação de um ou vários santos e santas em dias de semana. Há as memórias obrigatórias, como Santos Anjos, Santo Agostinho, São Francisco, etc. E as memórias facultativas como Santa Ângela, São Luis, etc. A cada ano a CNBB publica o Diretório Litúrgico com todas essas indicações para cada dia.
Há dois modos de se perceber a organização do Ano Litúrgico: por tempos e por ciclos.
O Ciclo do Natal, tendo como centro o nascimento de Jesus, o Advento como preparação e o seu término com o Batismo do Senhor.
O Ciclo Pascal, tendo como centro o Tríduo Pascal, a Quaresma como preparação e o Tempo Pascal como prolongamento.
E o Tempo Comum, período mais longo do Ano litúrgico, com 33 ou 34 semanas.

Ciclo do Natal: Advento, Natal, Oitava, Epifania, Batismo do Senhor.
Sendo celebração da vida de nosso Senhor ao longo de um ano, é lógico começar pela preparação ao seu nascimento. Por isso o 1º domingo do Advento marca o início do Ano Litúrgico.
- Advento
A palavra Advento vem do latim Adventus e significa chagada, vinda. No século IV já se celebrava o Advento como preparação para o Natal pelo fim do século VII o Advento começou a ser identificado como preparação para a segunda vinda de Cristo. Com a reforma litúrgica do Concilio Vaticano II, o Advento passou a ser celebrado nos seus dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das 4 semanas.
A espiritualidade do Advento deve ser buscada e vivenciada a partir das palavras e gestos dos grandes personagens bíblicos desse tempo, como os profetas, sobretudo Isaías, que anunciaram a vinda do Messias, João Batista que o mostrou ao mundo e Maria que o ofereceu. Não se trata de uma espiritualidade passiva ou fechada dentro da pessoa, ao contrario, ela se derrama para os outros. Maria, como serva do Senhor, dá-nos o exemplo.
Não se canta o Glória, por ser um hino de louvor. O Roxo pede mudanças profundas em preparação para a vinda do Senhor. No 3º Domingo pode-se usar o Róseo significando a alegria pela proximidade do Natal. A antífona de entrada é um convite à alegria: “Alegrai-vos sempre no Senhor. O Senhor está perto!”.
O Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa. Um dos muitos símbolos do Natal é a coroa do Advento. Silenciosamente ela expressa a esperança e convida à alegre vigilância. Na coroa do advento são colocadas quatro velas referentes a cada domingo que antecede o Natal. A luz vai aumentando à medida que se aproxima o Natal, festa da luz que é Cristo, quando a luz da salvação brilha para toda humanidade.

- Natal
A solenidade do Natal é a comemoração do nascimento de Jesus Cristo. É o dia em que recebemos o maior presente: Deus dando-se a si próprio. Dia em que a Palavra se fez homem e habitou entre nós (João 1, 14).
Na noite de Natal, o clima de expectativa dá lugar a uma alegria transbordante manifestada com o canto do Glória, quando misturamos nossa voz à voz dos anjos e de todo o universo para louvar a Deus que veio habitar entre nós. As palavras iniciais desse Hino são tiradas do louvor cantado pelos anjos na noite de Natal.
Não se sabe ao certo o dia em que Jesus nasceu. A festa do Natal nasceu a partir da festa pagã do Sol invencível celebrada na Roma antiga. No hemisfério norte o inverno tem poucas horas de sol. A partir de 25 de dezembro o sol vai conquistando mais tempo de luz a cada dia. Os cristãos começaram a celebrar o nascimento do Senhor nesse dia, pois para eles Jesus é o Sol que vence as trevas. “Luz para iluminar as nações” (Lc 2, 32).
A cor litúrgica para o Natal é o Branco, símbolo da paz e da vitória.
A ceia de Natal é uma boa ocasião para reunir a família e viver juntos o espírito natalino, que é paz, harmonia e fraternidade.
Diz uma antiga lenda que um galo foi o primeiro a presenciar e anunciar com seu canto rasgando a noite o nascimento de Jesus. Essa lenda surgiu em Roma no século V e a partir disso a missa da noite de Natal passou a ser chamada de Missa do Galo. Em alguns lugares ela é ainda celebrada à meia-noite.

- Oitava do Natal
A oitava são 8 dias formando um só dia. Ou seja, a oitava do Natal recorda que, até o oitavo dia, é Natal. As principais festas judaicas duravam oito dias. As duas festas litúrgicas que contêm oitavas são o Natal e a Páscoa. A oitava do Natal tem as seguintes comemorações:     Dia 26 festa de Santo Estevão, Dia 27 São João evangelista, Dia 28 festa dos santos inocentes; Dia 1 de janeiro (8º dia) solenidade de Santa Maria, mãe de Deus. No domingo dentro da oitava se celebra a festa da Sagrada Família, se não houver domingo celebra-se no dia 30.

- Epifania
Epifania vem do grego e significa manifestação. É a solenidade da “manifestação do Senhor” aos pagãos ou a comemoração do encontro do Salvador com os não-judeus. Celebrada no dia 6 de janeiro e transferida para o 2º domingo depois do Natal essa festa é popularmente conhecida como Dia dos Santos Reis. Os magos representam todos os que não são judeus. Acolhendo-os e manifestando-se a eles Jesus mostra que veio para todos, sem exclusões.

- Batismo do Senhor
Encerrando o ciclo do Natal a festa do Batismo do Senhor celebra-se no domingo após a Epifania, se não houver domingo, na segunda-feira. O Batismo de Jesus aponta para a sua missão. É o momento de recordarmos o nosso batismo. Nele fomos adotados como filhos de Deus e recebemos o Espírito para realizar nossa missão no mundo.

Tempo Comum (1ª Parte)
O Tempo Comum é dividido em duas partes: Começa no dia seguinte à celebração da festa do Batismo do Senhor e se estende até a terça-feira antes da Quaresma. Recomeça na segunda-feira depois do Pentecostes e termina com o 1º domingo do Advento.
Os 33 (ou 34) domingos são marcados pela leitura continua do Evangelho. Cada texto proclamado nos coloca no seguimento de Jesus Cristo, desde o chamado dos primeiros discípulos até os ensinamentos sobre os fins dos tempos.
O termo “comum” nos remete aquilo que é corriqueiro da caminhada de Jesus. Ou seja, tudo aquilo que está fora dos fatos históricos mais importantes da vida de Jesus.
A cor litúrgica que marca esse Tempo é o verde. Representa a esperança cristã, a serenidade, a perseverança.

Ciclo Pascal: Quaresma, Semana Santa, Tríduo Pascal, Tempo Pascal, Pentecostes.
- Quaresma
A palavra Quaresma vem do latim quadragésima e designa o período de quarenta dias de preparação para a Páscoa. Inicia-se com a Quarta-feira de Cinzas e encerra-se com a Missa da Ceia do Senhor na Quinta-feira da Semana Santa. A origem da Quaresma é antiga e está ligada com a preparação dos catecúmenos ao Batismo.

- Quarta-feira de Cinzas
Logo após a terça-feira de Carnaval, marca o início da Quaresma e é dia de jejum e abstinência.
As cinzas usadas na celebração vêm dos ramos bentos do Domingo de Ramos do ano anterior. São símbolos da fragilidade e pequenez humanas. Lembra-te que és pó e ao pó retornarás. O rito da imposição das cinzas dentro da missa substitui o Ato penitencial e realiza-se depois da homilia. Convertei-vos e crede no Evangelho (Mc 1, 15).

- Quaresma
Esse período é um retiro espiritual, onde nos recolhemos em oração e penitência preparando o espírito para a acolhida do Cristo Ressuscitado.
A cor litúrgica é o Roxo, um convite à conversão, à penitencia e à fraternidade.

No 4º Domingo pode-se usar o Róseo. Não se canta o Aleluia, pois, essa aclamação de alegria, que significa “Louvai o Senhor”, não combina com o clima quaresmal. Os cantos desse Tempo são próprios e convidam ao arrependimento e à conversão

Como forma de penitência fazemos os “exercícios quaresmais” do jejum, da esmola e da oração.
O jejum faz sentir a precariedade e a fugacidade da vida neste mundo e ajuda a ordenar a nossa existência para Deus. Por esmola entendemos a caridade, com todas as suas variantes e implicações. Pela oração entramos em comunhão com Deus. Ela é expressão de verdadeira adoração. Estes exercícios devem fazer parte da vida do cristão ao longo de todo o ano, mas na quaresma devemos praticá-los mais intensamente.
A Quaresma é, portanto, tempo de conversão e reconciliação em dois níveis: com Deus e com os outros, ou seja, em dimensão pessoal e social. A dimensão social é reforçada a cada ano pela Campanha da Fraternidade, que nos alerta acerca de uma carência social.
A Via Sacra, do Latim Via Crucis, “caminho da cruz”, é um exercício de piedade em forma de caminhada no qual os fiéis percorrem, em 14 estações, o trajeto seguido por Jesus Cristo na Sexta-feira Santa, desde o Pretório de Pilatos até o Monte Calvário. Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz, remistes o mundo.

- Semana Santa
É chamada de Santa, porque nela celebramos os momentos mais importantes da nossa salvação. Com a entrega de sua vida na cruz por nós, Jesus santificou essa semana, e nós a santificamos com nosso compromisso cristão.
A religiosidade popular criou uma série de atos de piedade ao longo da Semana Santa que não constam na liturgia oficial. Procissão do Bom Jesus dos Passos; Procissão do Senhor Morto; Procissão do Encontro; Encenação da Paixão; Canto da Verônica; Malhação de Judas; Procissão da Ressurreição; entre outros.

- Domingo de Ramos
Marca o início da Semana Santa. Há a leitura de dois Evangelhos: O da entrada de Jesus em Jerusalém, feita no local onde se benze os ramos. E o da Paixão, feita de forma dialogada na Igreja.
Os Ramos não precisam ser necessariamente de Oliveira e são sinal do amor de Jesus por nós e do nosso compromisso com ele. Não devem ser usados como amuletos.

- Tríduo Pascal
Centro e cume de todo o Ano Litúrgico. São dias dedicados a celebrações e orações especiais. Começa com a Missa da Ceia do Senhor na noite da Quinta-feira Santa, continua na Sexta-feira da Paixão e termina com a solene Vigília Pascal. A Igreja celebra num único e mesmo movimento a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.

- Quinta-feira da Semana Santa
Esse dia é conhecido como o dia da instituição do Sacerdócio e da Eucaristia. Pela manhã, na catedral, o bispo com todos os sacerdotes da diocese preside a Missa do Crisma. Essa missa é chamada Missa do Crisma, porque nele são abençoados o óleo do Crisma, o óleo dos catecúmenos (usado no batismo) e o óleo da Unção dos enfermos.
Na tarde da Quinta-feira Santa celebra-se a Missa da Ceia do Senhor. Nela há o rito do lava-pés. Da Páscoa Judaica (1ª Leit.) chagamos à Páscoa de Jesus (2ª leit.) e a entendemos como serviço de amor (Evangelho) que é doação da vida até as últimas conseqüências (Paixão).
No lugar dos ritos finais se faz a Transladação do Santíssimo Sacramento numa capela à parte para adoração. Pois depois da Ceia Jesus foi para o Monte das Oliveiras e pediu aos discípulos: “ficai comigo, orai e vigiai”. Retiram-se as toalhas do altar, pois até a Vigília Pascal não haverá Missa. A “grande missa” é a vida do Cristo-cordeiro sendo imolado.

- Sexta-feira da Paixão
Único dia em que não se celebra a Missa. Dia de jejum e abstinência. A cor litúrgica é o vermelho, que lembra o sangue derramado do Senhor. Normalmente celebrada às 15 horas. Tudo começa com o silêncio e a prostração de quem preside, segue a Liturgia da Palavra, com o Evangelho da Paixão (João 18 e 19), Prece universal, Adoração da Cruz e, por fim, distribui-se a Comunhão.
A Sexta-feira Santa não é dia do desespero, mas de gratidão. Dia de contemplação agradecida. A morte de Jesus não é o fim, mas o começo de algo novo. Não foi fruto do acaso, mas conseqüência do seu amor. É por isso que o Pai me ama: porque dou a minha vida para retomá-la de novo. Ninguém me tira a vida, eu a dou livremente. Tenho poder de dá-la e de recebê-la de novo. Tal é o encargo que recebi do meu Pai. (João 10, 17-18).

- Vigília Pascal
É a noite santa da ressurreição do Senhor. Celebrada depois do anoitecer do Sábado Santo e antes do amanhecer do domingo da Ressurreição. É a mãe de todas as vigílias, pois nela a Igreja espera, velando, a Ressurreição do Senhor.
1 - Celebração da Luz: Com a benção do fogo novo, preparação do Círio Pascal, procissão para o interior da Igreja e a proclamação da Páscoa com o canto do Exultet. Na Bíblia, o fogo é sinal da presença e ação de Deus. A luz, primeira criatura de Deus, é condição indispensável para que haja vida. Opõe-se às trevas.
2 - Liturgia da Palavra: Sete leituras do Antigo Testamento com seu salmo e oração, canto do Glória, Epístola, canto do Aleluia e Evangelho. As leituras oferecem uma panorâmica da História da Salvação, desde a criação do mundo até a nova criação realizada na morte-ressurreição de Jesus Cristo.
3 - Liturgia Batismal: Ladainha dos santos, Benção da água batismal e renovação das promessas do batismo. A água é símbolo da vida. A descida do catecúmeno à fonte batismal é assimilada à descida de Cristo às profundezas da terra.
4 - Liturgia Eucarística: A Missa prossegue da Apresentação das ofertas em diante e encerra-se com a solene benção da Páscoa.

- Tempo Pascal
Caracterizado pelos 50 dias do Domingo da Ressurreição até ao Domingo de Pentecostes. Celebrado na alegria como um único dia de festa, mais ainda, como o "grande Domingo".
Páscoa é uma palavra vinda do hebraico e significa “passagem”. A Páscoa cristã nasceu da Páscoa judaica, que tem suas raízes numa festa ligada aos pastores. Para os pastores a Páscoa era a passagem de uma pastagem à outra. Nesta ocasião imolavam cordeiros à divindade. Para os hebreus essa antiga festa tornou-se “festa da independência” quando saíram da escravidão no Egito passando o mar vermelho a pé enxuto rumo à terra da liberdade, como nos relata o capítulo 12 do Êxodo. Jesus, celebrando a Páscoa judaica, inaugurou a própria Páscoa, ou seja, sua passagem deste mundo para o Pai.
Os primeiros cristãos adquiriram o costume de se reunirem no “primeiro dia da semana” para celebrar a ressurreição de Cristo e a vida nova que dela decorre. Isso nos ajuda a compreender que todo Domingo é Páscoa e que toda Eucaristia é memorial do mistério pascal de Cristo. Ou seja, a Páscoa nasceu com a Igreja e a Igreja nasceu com a Páscoa.
Os textos do Evangelho nos sete domingos estão distribuídos da seguinte forma: I, II e III Domingos:  Aparições do Ressuscitado; IV Domingo: O Bom Pastor; V e VI Domingos: Discurso de despedida; VII Domingo: Oração sacerdotal de Jesus.
A Primeira leitura é sempre dos Atos dos Apóstolos. Relata a caminhada dos primeiros cristãos após a Ressurreição. A Segunda leitura é uma leitura semi-contínua de:

I Pedro no Ano A; I João no Ano B e Apocalipse no Ano C.


- Ascensão
Palavra que significa subida, elevação. Celebrada no 40º dia depois da Páscoa. Mas transferida para o domingo seguinte. Com a Ascensão termina a experiência da presença sensível de Jesus em nosso meio e começa o tempo da sua presença invisível no Espírito e através do sinal sensível do seu corpo, que é a Igreja.

- Pentecostes
Palavra que vem do grego e significa qüinquagésimo e é celebrado no 50º dia  depois da Páscoa. É a solenidade do dom do Espírito Santo derramado sobre os Apóstolos, que marca os primórdios da Igreja e o início da sua missão a "todas as línguas, povos e nações". A Páscoa não está completa sem o envio do Espírito Santo, por isso pertence e encerra o Ciclo Pascal.

Tempo Comum (2ª Parte)
É um Tempo muito especial de viver o mistério da cotidianidade, tempo da caminhada à luz do Espírito Santo, alimentado pelos sacramentos e seguindo os passos dos santos. O ressuscitado caminha conosco explicando as Escrituras e partindo o Pão (Cf. Lucas 24). É um tempo de apelo a viver a santidade. A vida de muitos santos e santos ao longo desse Tempo é um estímulo à santidade.
Na 2ª parte do Tempo Comum há os meses temáticos. São aqueles meses marcados por um tema forte: agosto: vocação, setembro: bíblia, outubro: missão. Os meses temáticos têm despertado nas nossas comunidades consciência vocacional, interesse maior pela Palavra de Deus, compromisso missionário, etc.

- Cristo Rei
O Tempo comum é um caminhar para a glória, pois a coroa desse tempo de graça é a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, no 34º e último domingo do Tempo Comum, que marca também o encerramento do Ano Litúrgico. Esta solenidade é o ponto alto da caminhada de Cristo e dos cristãos: “Se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele sofremos, com ele reinaremos” (II Timóteo 2, 11-12).