domingo, 3 de junho de 2012

A lua como símbolo da Igreja, segundo Santo Ambrósio


Uma bonita e rica imagem da Igreja, porém não tão conhecida, é a Lua. 
O registro escrito mais antigo desta imagem é atribuído ao famoso bispo de Milão, Santo Ambrósio (340-397), doutor da Igreja, que instruindo seu povo, a usou em uma de suas homilias para ensinar sobre o Mistério da Igreja. Para  explicar que ela  existe em função do Cristo, ele a compara com a Lua que não possui luz própria, mas reflete a luz do Sol. Da mesma forma, a Igreja está no mundo para refletir a Luz de Cristo (Fulget Ecclesia non suo sed Christi lumine).  Ela é mediadora e dispensadora da graça santificante; ela é sinal do Reino, mas não é o Reino. A luz que pela Igreja transparece não é sua, mas sim, a Luz de Cristo. Como cada singular cristão, a Igreja pode dizer como Paulo, ‘não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim’ (Gal 2,20).
Faz parte da natureza da Lua os seus seus ciclos, também chamados de fases, que acontecem em função dos seus vários movimentos em torno de si mesma, em torno da Terra e em torno do Sol. Em todas as fases, por menor que pareça o seu tamanho, a Lua reflete a luz do Sol, pois se trata de uma luz que  independe dela. A percepção diferente se dá em função dos movimentos da Lua e da Terra e de quem os observa: tudo é dinâmico e, por isso, mutável!
Da mesma forma, também é a Igreja. Cristo a quis humana e, por isso, é natural que ela tenha suas “fases” de maior ou menor brilho. Santo Ambrósio, ensina que todas as fases da Lua evocam as fases da Igreja. É natural que a fase da  Lua cheia, maior e mais bonita, pareça-nos refletir mais intensamente a Luz do Cristo. Não nos esqueçamos que a Páscoa ocorre sempre nesta fase da Lua!
Todavia, a fase da Lua minguante também apresenta, ainda que paradoxalmente, o Mistério de Cristo, pois quando “esvaziada”, ela revela o que permanece: “Aquele que tudo preenche”. Fica claro, então, que Cristo independe da Igreja para manifestar o seu Mistério, Ele não é anunciado só quando a Igreja age, pois é Ele quem toma a iniciativa, isto é, Deus tem caminhos que não são os caminhos  humanos. 
Na contradição, a Igreja,  mesmo sem brilho, anuncia o Mistério de Cristo. Isso nos faz lembrar  os esforços que a Igreja faz para se manter no mundo. Nem sempre suas escolhas são as mais acertadas e, quando isso acontece, seu brilho também diminui. Todavia, isso não a impede de continuar cumprindo sua missão até a chegada de uma nova fase. Tudo o que lhe  ocorre, mesmo ‘em fases de Lua cheia’, não se dá por seu próprio mérito, mas porquê ela, antes, foi escolhida pelo Senhor. Nisto podemos contemplar a grandeza do amor de Cristo pela sua Igreja!
Esta reflexão é um breve comentário do texto “Luz refletida”, escrito por  Lorenzo Cappelletti,  publicado na Revista 30 Giorni em 2009. Para ler   o artigo acesse [aqui].

Um comentário:

Jurema disse...

Que lindo!!!
Muito interessante, adorei a reflexão...
Nossa como aprendi sobre as faces da igreja...A igreja pode perder um pouco do seu brilho, mas nunca apagará por completo, pois o maior brilho é que a conduz...O ESPÍRITO SANTO DE DEUS, esta luz brilhará sempre...