sexta-feira, 30 de abril de 2010

Muito mais que pedofilia - Por Cardeal Odilo Pedro Scherer

As notícias sobre pedofilia, envolvendo membros do clero, difundiram-se de modo insistente. Tristes fatos, infelizmente, existiram no passado e existem no presente; não preciso discorrer sobre as cenas escabrosas de Arapiraca… A Igreja vive dias difíceis, em que aparece exposto o seu lado humano mais frágil e necessitado de conversão. De Jesus aprendemos: “Ai daqueles que escandalizam um desses pequeninos!” E de São Paulo ouvimos: “Não foi isso que aprendestes de Cristo”.

As palavras dirigidas pelo papa Bento XVI aos católicos da Irlanda servem também para os católicos do Brasil e de qualquer outro país, especialmente aquelas dirigidas às vítimas de abusos e aos seus abusadores. Dizer que é lamentável, deplorável, vergonhoso, é pouco! Em nenhum catecismo, livro de orientação religiosa, moral ou comportamental da Igreja isso jamais foi aprovado ou ensinado! Além do dano causado às vítimas, é imenso o dano à própria Igreja.

O mundo tem razão de esperar da Igreja notícias melhores: Dos padres, religiosos e de todos os cristãos, conforme a recomendação de Jesus a seus discípulos: “Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que eles, vendo vossas boas obras, glorifiquem o Pai que está nos céus!” Inútil, divagar com teorias doutas sobre as influências da mentalidade moral permissiva sobre os comportamentos individuais, até em ambientes eclesiásticos; talvez conseguiríamos compreender melhor por que as coisas acontecem, mas ainda nada teríamos mudado.

Há quem logo tem a solução, sempre pronta à espera de aplicação: É só acabar com o celibato dos padres, que tudo se resolve! Ora, será que o problema tem a ver somente com celibatários? E ficaria bem jogar nos braços da mulher um homem com taras desenfreadas, que também para os casados fazem desonra? Mulher nenhuma merece isso! E ninguém creia que esse seja um problema somente de padres: A maioria absoluta dos abusos sexuais de crianças acontece debaixo do teto familiar e no círculo do parentesco. O problema é bem mais amplo!

Ouso recordar algo que pode escandalizar a alguns até mais que a própria pedofilia: É preciso valorizar novamente os mandamentos da Lei de Deus, que recomendam atitudes e comportamentos castos, de acordo com o próprio estado de vida. Não me refiro a tabus ou repressões “castradoras”, mas apenas a comportamentos dignos e respeitosos em relação à sexualidade. Tanto em relação aos outros, como a si próprio. Que outra solução teríamos? Talvez o vale tudo e o “libera geral”, aceitando e até recomendando como “normais” comportamentos aberrantes e inomináveis, como esses que agora se condenam?

As notícias tristes desses dias ajudarão a Igreja a se purificar e a ficar muito mais atenta à formação do seu clero. Esta orientação foi dada há mais tempo pelo papa Bento XVI, quando ainda era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Por isso mesmo, considero inaceitável e injusto que se pretenda agora responsabilizar pessoalmente o papa pelo que acontece. Além de ser ridículo e fora da realidade, é uma forma oportunista de jogar no descrédito toda a Igreja católica. Deve responder pelos seus atos perante Deus e a sociedade quem os praticou. Como disse São Paulo: Examine-se cada um a si mesmo. E quem estiver de pé, cuide para não cair!

A Igreja é como um grande corpo; quando um membro está doente, todo o corpo sofre. O bom é que os membros sadios, graças a Deus, são a imensa maioria! Também do clero! Por isso, ela será capaz de se refazer dos seus males, para dedicar o melhor de suas energias à Boa Notícia: para confortar os doentes, visitar os presos nas cadeias, dar atenção aos abandonados nas ruas e debaixo dos viadutos; para ser solidária com os pobres das periferias urbanas, das favelas e cortiços; ela continuará ao lado dos drogados e das vítimas do comércio de morte, dos aidéticos e de todo tipo de chagados; e continuará a acolher nos Cotolengos criaturas rejeitadas pelos “controles de qualidade” estéticos aplicados ao ser humano; a suscitar pessoas, como Dom Luciano e Dra. Zilda Arns, para dedicarem a vida ao cuidado de crianças e adolescentes em situação de risco; e, a exemplo de Madre Teresa de Calcutá, ainda irá recolher nos lixões pessoas caídas e rejeitadas, para lavar suas feridas e permitir-lhes morrer com dignidade, sobre um lençol limpo, cercadas de carinho. Continuará a mover milhares de iniciativas de solidariedade em momentos de catástrofes, como no Haiti; a estar com os índios e camponeses desprotegidos, mesmo quando também seus padres e freiras acabam assassinados.

E continuará a clamar por justiça social, a denunciar o egoísmo que se fecha às necessidades do próximo; ainda defenderá a dignidade do ser humano contra toda forma de desrespeito e agressão; e não deixará de afirmar que o aborto intencional é um ato imoral, como o assassinato, a matança nas guerras, os atentados e genocídios. E sempre anunciará que a dignidade humana também requer comportamentos dignos e conformes à natureza, também na esfera sexual; e que a Lei de Deus não foi abolida, pois está gravada de maneira indelével na coração e na consciência de cada um.

Mas ela o fará com toda humildade, falando em primeiro lugar para si mesma, bem sabendo que é santa pelo Santo que a habita, e pecadora em cada um de seus membros; todos são chamados à conversão constante e à santidade de vida. Não falará a partir de seus próprios méritos, consciente de trazer um tesouro em vasos de barro; mas, consciente também de que, apesar do barro, o tesouro é precioso; e quer compartilhá-lo com toda a humanidade. Esta é sua fraqueza e sua grandeza!

Cardeal Odilo Pedro Scherer é Arcebispo da Arquidiocese de São Paulo/SP.

Fonte: Artigo publicado em O ESTADO DE SÃO PAULO, ed. 11. 04.2010.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Sugestões para dinamizar as celebrações do mês de Maio de 2010

TEMPO PASCAL – ANO C



MÊS DE MARIA



Quinto Domingo da Páscoa (1-2 Maio 2010)



1ª Leitura: Atos dos Apóstolos 14, 21-27

Salmo 145 (144): Bendirei o vosso nome, ó meu Deus, meu Senhor e meu Rei para sempre.

2ª Leitura: Apocalipse 21, 1-5

Evangelho: João 13, 31-35 (Eu vos dou um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros.)





- Frases temáticas: (Obs.: usar essas frases em cartazes espalhados pela Igreja, na porta de entrada ou trazê-los nas procissões de entrada, da Palavra ou do ofertório).

Eu vos dou um novo mandamento: Amai-vos!

Construímos a civilização do amor.

Deus ama a todos, sem distinção.

Amai-vos, como eu vos amei!

Deus enxugará toda lagrima dos seus olhos.

Misericórdia e piedade é o Senhor!

Bendirei o vosso nome para sempre!



- Espaço celebrativo:

Preparar o ambiente destacando o Círio pascal e a pia batismal. Usar flores naturais, sem ocultar ou ofuscar os símbolos pascais e usar a cor branca nas vestes e toalhas.

Nesse mês de Maria preparar um local com a imagem de Nossa Senhora, que pode ser trazida na procissão de entrada.



- A mesa da eucaristia é o lugar da convergência de toda a ação litúrgica. Assim, o altar não pode ser escondido por imensas toalhas, arranjos de flores e outros objetos, pois o altar é Cristo e é ele quem deve aparecer. Ele é o ator principal da liturgia.



A equipe de celebração procure acolher e saudar afetuosamente as pessoas que vão chegando para a celebração cerca de 20 a 15 minutos antes.



- Acolhida:

Cantar como mantra o refrão: “Onde reina o amor, fraterno amor / Onde reina o amor, Deus aí está”.



- Ato penitencial:

Pode continuar sendo feito por aspersão.



- Liturgia da Palavra:

O Evangelho pode ser cantado ou encenado.



- Abraço da paz:

Valorizar esse momento como expressão de comunhão e amor fraterno entre as pessoas presentes.

Cantar o Pai nosso de mãos dadas.



- Gesto concreto:

Convidar a comunidade a assumir um gesto concreto de amor e solidariedade com os irmãos da comunidade, como solicitado pelo Evangelho.



- Final:

Sendo o mês de Maria recomenda-se cantar a consagração a Nossa Senhora, ou rezar uma Ave-Maria com as mãos voltadas à imagem e cantar um hino mariano no final da celebração. Ou outras homenagens marianas conforme o costume da comunidade.



Sexto Domingo da Páscoa (8-9 Maio 2010)



1ª Leitura: Atos dos Apóstolos 15, 1-2. 22-29

Salmo 67 (66): Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem.

2ª Leitura: Apocalipse 21, 10-14. 22-23

Evangelho: João 14, 23-29 (O Espírito Santo vos recordará tudo o que eu vos tenho dito)





- Frases temáticas:

O Espírito Santo vos recordará tudo o que eu vos tenho dito

Enfrentamos corajosamente os novos desafios

Jesus está conosco pela Palavra e pelo Espírito

Deus será tudo em todos



- Espaço celebrativo:

Manter a cor branca nas vestes e ornamentos, tudo como nos Domingos anteriores.

É bom fazer um breve ensaio, antes da celebração, dos cantos e refrões do dia. Lembrando de deixar um breve tempo de silêncio para que a assembléia se prepare para a ação celebrativa.

A função da equipe de canto não é simplesmente cantar o que gosta, mas cantar o mistério da liturgia do domingo, “cantar a liturgia” e não “cantar na liturgia”. Os cantos devem estar em sintonia com o Tempo litúrgico, com a Palavra proclamada e com o mistério celebrado.



- Procissão de entrada:

Neste dia das mães pedir para que todas elas participem da procissão de entrada trazendo, alem da bíblia, da vela e das flores, algum símbolo ligado à realidade delas e à vida de mãe. Como uma boneca ou um bebê de verdade com mamadeira, chupeta, bolsa, etc.

Pode trazer na procissão de entrada a bandeira da paz e colocá-la próxima ao ambão da Palavra.



- Acolhida:

Nesta celebração é importante destacar o Rito da paz, por isso ele pode ser feito já no início do culto.



- Liturgia da Palavra:

A proclamação do Evangelho pode ser feita sem pressa, em tom meditativo e com algumas breves pausas.

Se não foi feito no início o abraço da paz pode ser feito agora após o Evangelho ou após a Homilia.



- Preces:

Diante da promessa de envio do Espírito Santo é importante a comunidade intensificar sua oração e seu pedido nesse sentido. A resposta pode ser: “Vinde, Espírito Santo!”, ou outra semelhante.



- Rito da paz:

Celebrado em cada liturgia esse rito atualiza a presença do Ressuscitado, o Príncipe da paz, todo Domingo na comunidade.



- Final:

Sendo o mês de Maria recomenda-se cantar a consagração a Nossa Senhora, ou rezar uma Ave-Maria com as mãos voltadas à imagem e cantar um hino mariano no final da celebração. Ou outras homenagens marianas conforme o costume da comunidade.



Solenidade da Ascensão do Senhor (15-16 Maio 2010)



1ª Leitura: Atos dos Apóstolos 1, 1-11

Salmo 47 (46): Por entre aclamações Deus se elevou, o Senhor subiu ao toque da trombeta.

2ª Leitura: Efésios 1, 17-23 (ou Hebreus 9, 24-28; 10, 19-23)

Evangelho: Lucas 24, 46-53 (Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu.)





- Frases temáticas:

Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu.

Jesus coloca sua missão em nossas mãos.

Subiu aos céus e está sentado à direita do Pai.

Por entre aclamações Deus se elevou, o Senhor subiu ao toque da trombeta

A ascensão de Cristo é nossa ascensão.

Jesus foi levado aos céus, à vista deles.

O Senhor subiu aos céus, aleluia!



- Espaço celebrativo:

Nesse mês de Maria preparar um local com a imagem de Nossa Senhora, que pode ser trazida na procissão de entrada.

Manter a cor branca nas vestes e ornamentos, as flores, o destaque ao Círio e a Pia Batismal, tudo como nos Domingos anteriores.

Cantar os cânticos próprios para essa solenidade. Ou outros que falem de missão e envio.



Evitar a correria de última hora. A equipe deve se preparar durante a semana refletindo os textos bíblicos e verificando quais são os gestos e ações a serem valorizados em cada celebração.



Hoje iniciamos a “Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos” a mesa da Palavra pode ser enfeitada com fitas coloridas e em cada fita colocar o nome das igrejas cristãs presentes na localidade. Em algum momento da celebração (Início, Homilia, Profissão de fé, Preces ou Pai-nosso) fazer uma motivação própria.



- Acolhida:

Como de costume acolher a todos os que chegam dando destaque à presença de visitantes e se houver pessoas de outras denominações religiosas pedir que se apresentem.



- Procissão de entrada:

Uma cruz com uma toalha branca sobre os braços com um cartaz: “O Senhor subiu aos céus, aleluia!”



- Liturgia da Palavra:

As leituras devem ser proclamadas com muita expressão e especial atenção ao Evangelho, por isso recomenda-se escolher os leitores com antecedência e não de última hora.

Cantar o salmo, salientando a resposta: “Por entre aclamações Deus se elevou, o Senhor subiu ao toque da trombeta”.



- Pai-nosso:

É a oração de todos os cristãos. Rezá-lo ou cantá-lo, de mãos dadas, em comunhão com todas as igrejas cristãs.



- Ritos finais:

Dar destaque a benção final como envio.

Motivar a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos na comunidade.



Pentecostes (22-23 Maio 2010)



1ª Leitura: Atos dos Apóstolos 2, 1-11

Salmo 104 (103): Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai.

2ª Leitura: I Coríntios 12, 3-7.12-13 (Há a sequência dessa leitura que pode ser cantada)

Evangelho: João 20, 19-23 (Como o Pai me enviou, também Eu vos envio: recebei o Espírito Santo.)





- Frases temáticas:

O Espírito Santo vos ensinará tudo.

Enviados para anunciar Cristo!

Todos ficaram cheios do Espírito Santo.

A paz esteja com vocês! Recebam o Espírito Santo.

O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo seu Espírito que agora habita em nós.

Enviai o vosso Espírito, Senhor e renovai toda a face da terra!

Fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo.



- Observação:

Há várias sugestões de roteiros para a Vigília de Pentecostes que a equipe de liturgia poderá escolher a que melhor se adapte à realidade da comunidade.

Hoje, com esta celebração encerra-se o Tempo Pascal e inicia-se a segunda parte do Tempo Comum.



- Espaço celebrativo:

A cor litúrgica para o dia de hoje é o Vermelho.

Preparar um candelabro para colocar as sete velas representando os sete dons do Espírito Santo.

Espalhar pela Igreja sete cartazes, em formato de línguas de fogo, com os sete dons. E no centro a pomba branca representando o Espírito Santo.



Distribuir para toda a assembléia bandeirinhas vermelhas para serem agitadas no Hino de louvor, Resposta do Salmo e Aclamação ao Evangelho.



- Procissão de entrada:

Sete jovens podem entrar com sete velas acessas a serem colocadas no candelabro próximo a mesa do altar, ou eles podem entrar com os cartazes dos setes dons.

Onde for o costume trazer também a bandeira do divino.



- Ato penitencial:

Pode ser por aspersão lembrando o nosso batismo.



- Liturgia da Palavra:

Cantar o salmo e, se possível, a seqüência logo após a segunda leitura.

Nas comunidades onde houver pessoas que falam outros idiomas, convidá-las a repetir a expressão: “A paz esteja com vocês! Recebam o Espírito Santo”.



- Profissão de fé:

Pode ser feita na forma de pergunta e resposta como na Vigília Pascal. Pode ser feita também a renovação das promessas do batismo.



- Pai-nosso

Pode ser cantado e de mãos dadas.



- Ritos finais:

Abençoar o povo com a bênção solene para este dia.

Apagar solenemente o Círio Pascal.

Lembrar que vai recomeçar o Tempo Comum na liturgia.





TEMPO COMUM – SEGUNDA PARTE – ANO C



MÊS DE MARIA



Solenidade da Santíssima Trindade (29-30 Maio 2010)



1ª Leitura: Provérbios 8, 22-31

Salmo 8: Ó Senhor nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!

2ª Leitura: Romanos 5, 1-5

Evangelho: João 16, 12-15 (Tudo o que o Pai possui é meu. Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá.)





- Frases temáticas:

Gloria ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo!

A Deus, por Cristo, na caridade do Espírito.

O Pai se revela e se comunica por meio do Cristo, no Espírito.

Santíssima Trindade: a melhor comunidade!

A sabedoria de Deus é a alegria de amar os homens.



- Espaço celebrativo:

A cor litúrgica para o dia de hoje é o Branco.

Na entrada da Igreja um cartaz com a frase: “Ser comunidade com a Santíssima Trindade”, ou “Santíssima Trindade: a melhor comunidade!”.



- Procissão de entrada:

Entrar um cartaz com uma das frases sugeridas acima.

Poder ser feita com a participação das pessoas batizadas e crismadas recentemente.



- Ritos iniciais:

O Sinal da Cruz pode ser cantado.



- Ato penitencial:

Fomos batizados em nome da Santíssima Trindade, portanto esse rito pode ser feito por aspersão que recorda o nosso batismo.



- Liturgia da Palavra:

Em lugar do comentário das leituras o coral pode cantar suavemente um mantra ou refrão meditativo que ajude a criar um ambiente de escuta e atenção a Palavra que vai ser proclamada.



- Final:

Fazer o encerramento do mês de Maria. Recomenda-se cantar a consagração a Nossa Senhora, ou rezar uma Ave-Maria com as mãos voltadas à imagem e cantar um hino mariano no final da celebração. Ou outras homenagens marianas conforme o costume da comunidade.



Lembrar que a solenidade de Corpus Christi será na próxima quinta-feira.




- Observações finais:

Adaptar essas dicas à realidade da comunidade.

Tomar o cuidado para não sobrecarregar a celebração de símbolos.

O símbolo deve falar por si mesmo, não fazer longas explicações sobre os símbolos.



Referência:

PEREIRA, José Carlos. Liturgia: sugestões para dinamizar as celebrações. Petrópolis: Vozes, 2009.



Outras publicações recomendadas:

CNBB Guia litúrgico pastoral. Brasília: CNBB.

CNBB Roteiros homiléticos. Brasília: CNBB.

Deus conosco: Reflexões e sugestões litúrgicas. Aparecida: Santuário.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Autobiografia

Marcio Canteli Silva nasceu no dia 13 de fevereiro de 1984. Natural de Francisco Morato, filho de Everaldo Lopes e Maria de Fátima Canteli tendo uma irmã chamada Beatriz Canteli.

Foi catequista, vicentino e membro da equipe de liturgia na comunidade Santa Isabel da Paróquia Sagrado Coração de Jesus da qual é originário. Participando desde a infância em sua comunidade e realizando esses trabalhos na Igreja ouviu o chamado de Deus e procurou responde-lo ingressando, no dia 24 de fevereiro de 2005, no Seminário Propedêutico da diocese localizado, na época, no jardim Paturi em Bragança Paulista.

Realizou estagio pastoral no Santuário Virgem dos Pobres e Paróquia Santa Rita de Cássia em Caieiras no ano de 2006, Paróquia São Benedito em Bragança Paulista entre 2007- 2008 e em 2009-2010 na Paróquia N. Sra. do Perpétuo Socorro em Socorro.

Tendo como lema: “Ele deve crescer e eu diminuir” (Jo 3, 30) afirma estar muito feliz no seminário, pois, respondendo ao chamado de Deus a cada dia e se configurando ao Cristo Bom pastor, está mais próximo da sua missão de servir ao povo de Deus por meio do sacerdócio na diocese de Bragança Paulista.

Mensagem do Papa para o 47º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

Tema: O testemunho suscita vocações.

Veneráveis Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,

Amados Irmãos e Irmãs!

O 47º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no IV Domingo de Páscoa – Domingo do «Bom Pastor» –, a 25 de Abril de 2010, oferece-me a oportunidade de propor à vossa reflexão um tema que quadra bem com o Ano Sacerdotal: O testemunho suscita vocações. De facto, a fecundidade da proposta vocacional depende primariamente da acção gratuita de Deus, mas é favorecida também – como o confirma a experiência pastoral – pela qualidade e riqueza do testemunho pessoal e comunitário de todos aqueles que já responderam ao chamamento do Senhor no ministério sacerdotal e na vida consagrada, pois o seu testemunho pode suscitar noutras pessoas o desejo de, por sua vez, corresponder com generosidade ao apelo de Cristo. Assim, este tema apresenta-se intimamente ligado com a vida e a missão dos sacerdotes e dos consagrados. Por isso, desejo convidar todos aqueles que o Senhor chamou para trabalhar na sua vinha a renovarem a sua fidelidade de resposta, sobretudo neste Ano Sacerdotal que proclamei por ocasião dos 150 anos de falecimento de São João Maria Vianney, o Cura d’Ars, modelo sempre actual de presbítero e pároco.

Já no Antigo Testamento os profetas tinham consciência de que eram chamados a testemunhar com a sua vida aquilo que anunciavam, prontos a enfrentar mesmo a incompreensão, a rejeição, a perseguição. A tarefa, que Deus lhes confiara, envolvia-os completamente, como um «fogo ardente» no coração impossível de conter (cf. Jr 20,9), e, por isso, estavam prontos a entregar ao Senhor não só a voz, mas todos os elementos da sua vida. Na plenitude dos tempos, será Jesus, o enviado do Pai (cf. Jo 5,36), que, através da sua missão, testemunha o amor de Deus por todos os homens sem distinção, com especial atenção pelos últimos, os pecadores, os marginalizados, os pobres. Jesus é a suprema Testemunha de Deus e da sua ânsia de que todos se salvem. Na aurora dos novos tempos, João Baptista, com uma vida gasta inteiramente para preparar o caminho a Cristo, testemunha que, se cumprem, no Filho de Maria de Nazaré, as promessas de Deus. Quando O vê chegar ao rio Jordão, onde estava a baptizar, João indica-O aos seus discípulos como «o cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29). O seu testemunho é tão fecundo que dois dos seus discípulos, «ouvindo o que ele tinha dito, seguiram Jesus» (Jo 1,37).

Também a vocação de Pedro, conforme no-la descreve o evangelista João, passa pelo testemunho de seu irmão André; este, após ter encontrado o Mestre e aceite o seu convite para permanecer com Ele, logo sente necessidade de comunicar a Pedro aquilo que descobriu «permanecendo» junto do Senhor: «“Encontrámos o Messias” (que quer dizer Cristo). E levou-o a Jesus» (Jo 1,41-42). O mesmo aconteceu com Natanael – Bartolomeu –, graças ao testemunho doutro discípulo, Filipe, que cheio de alegria lhe comunica a sua grande descoberta: «Acabámos de encontrar Aquele de quem escreveu Moisés na Lei e que os Profetas anunciaram: é Jesus, o filho de José, de Nazaré» (Jo 1,45). A iniciativa livre e gratuita de Deus cruza-se com a responsabilidade humana daqueles que acolhem o seu convite, e interpela-os para se tornarem, com o próprio testemunho, instrumentos do chamamento divino. O mesmo acontece, ainda hoje, na Igreja: Deus serve-se do testemunho de sacerdotes fiéis à sua missão, para suscitar novas vocações sacerdotais e religiosas para o serviço do seu Povo. Por esta razão, desejo destacar três aspectos da vida do presbítero, que considero essenciais para um testemunho sacerdotal eficaz.

Elemento fundamental e comprovado de toda a vocação ao sacerdócio e à vida consagrada é a amizade com Cristo. Jesus vivia em constante união com o Pai, e isto suscitava nos discípulos o desejo de viverem a mesma experiência, aprendendo d’Ele a comunhão e o diálogo incessante com Deus. Se o sacerdote é o «homem de Deus», que pertence a Deus e ajuda a conhecê-Lo e a amá-Lo, não pode deixar de cultivar uma profunda intimidade com Ele e permanecer no seu amor, reservando tempo para a escuta da sua Palavra. A oração é o primeiro testemunho que suscita vocações. Tal como o apóstolo André comunica ao irmão que conheceu o Mestre, assim também quem quiser ser discípulo e testemunha de Cristo deve tê-Lo «visto» pessoalmente, deve tê-Lo conhecido, deve ter aprendido a amá-Lo e a permanecer com Ele.

Outro aspecto da consagração sacerdotal e da vida religiosa é o dom total de si mesmo a Deus. Escreve o apóstolo João: «Nisto conhecemos o amor: Jesus deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos» (1 Jo 3,16). Com estas palavras, os discípulos são convidados a entrar na mesma lógica de Jesus que, ao longo de toda a sua vida, cumpriu a vontade do Pai até à entrega suprema de Si mesmo na cruz. Manifesta-se aqui a misericórdia de Deus em toda a sua plenitude; amor misericordioso que derrotou as trevas do mal, do pecado e da morte. A figura de Jesus que, na Última Ceia, Se levanta da mesa, depõe o manto, pega numa toalha, ata-a à cintura e Se inclina a lavar os pés aos Apóstolos, exprime o sentido de serviço e doação que caracterizou toda a sua vida, por obediência à vontade do Pai (cf. Jo 13,3-15). No seguimento de Jesus, cada pessoa chamada a uma vida de especial consagração deve esforçar-se por testemunhar o dom total de si mesma a Deus. Daqui brota a capacidade para se dar depois àqueles que a Providência lhe confia no ministério pastoral, com dedicação plena, contínua e fiel, e com a alegria de fazer-se companheiro de viagem de muitos irmãos, a fim de que se abram ao encontro com Cristo e a sua Palavra se torne luz para o seu caminho. A história de cada vocação cruza-se quase sempre com o testemunho de um sacerdote que vive jubilosamente a doação de si mesmo aos irmãos por amor do Reino dos Céus. É que a presença e a palavra de um padre são capazes de despertar interrogações e de conduzir mesmo a decisões definitivas (cf. João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, 39).

Um terceiro aspecto que, enfim, não pode deixar de caracterizar o sacerdote e a pessoa consagrada é viver a comunhão. Jesus indicou, como sinal distintivo de quem deseja ser seu discípulo, a profunda comunhão no amor: «É por isto que todos saberão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13,35). De modo particular, o sacerdote deve ser um homem de comunhão, aberto a todos, capaz de fazer caminhar unido todo o rebanho que a bondade do Senhor lhe confiou, ajudando a superar divisões, sanar lacerações, aplanar contrastes e incompreensões, perdoar as ofensas. Em Julho de 2005, no encontro com o Clero de Aosta, afirmei que os jovens, se virem os sacerdotes isolados e tristes, com certeza não se sentirão encorajados a seguir o seu exemplo. Levados a considerar que tal possa ser o futuro de um padre, vêem aumentar a sua hesitação. Torna-se importante, pois, realizar a comunhão de vida, que lhes mostre a beleza de ser sacerdote. Então, o jovem dirá: «Isto pode ser um futuro também para mim, assim pode-se viver» (Insegnamenti, vol. I/2005, 354). O Concílio Vaticano II, referindo-se ao testemunho capaz de suscitar vocações, destaca o exemplo de caridade e de fraterna cooperação que devem oferecer os sacerdotes (cf. Decreto Optatam totius, 2).

Apraz-me recordar o que escreveu o meu venerado predecessor João Paulo II: «A própria vida dos padres, a sua dedicação incondicional ao rebanho de Deus, o seu testemunho de amoroso serviço ao Senhor e à sua Igreja – testemunho assinalado pela opção da cruz acolhida na esperança e na alegria pascal –, a sua concórdia fraterna e o seu zelo pela evangelização do mundo são o primeiro e mais persuasivo factor de fecundidade vocacional» (Pastores dabo vobis, 41). Poder-se-ia afirmar que as vocações sacerdotais nascem do contacto com os sacerdotes, como se fossem uma espécie de património precioso comunicado com a palavra, o exemplo e a existência inteira.

Isto aplica-se também à vida consagrada. A própria existência dos religiosos e religiosas fala do amor de Cristo, quando O seguem com plena fidelidade ao Evangelho e assumem com alegria os seus critérios de discernimento e conduta. Tornam-se «sinais de contradição» para o mundo, cuja lógica frequentemente é inspirada pelo materialismo, o egoísmo e o individualismo. A sua fidelidade e a força do seu testemunho, porque se deixam conquistar por Deus renunciando a si mesmos, continuam a suscitar no ânimo de muitos jovens o desejo de, por sua vez, seguirem Cristo para sempre, de modo generoso e total. Imitar Cristo casto, pobre e obediente e identificar-se com Ele: eis o ideal da vida consagrada, testemunho do primado absoluto de Deus na vida e na história dos homens.

Fiel à sua vocação, cada presbítero, cada consagrado e cada consagrada transmite a alegria de servir Cristo, e convida todos os cristãos a responderem à vocação universal à santidade. Assim, para se promoverem as vocações específicas ao ministério sacerdotal e à vida consagrada, para se tornar mais forte e incisivo o anúncio vocacional, é indispensável o exemplo daqueles que já disseram o próprio «sim» a Deus e ao projecto de vida que Ele tem para cada um. O testemunho pessoal, feito de opções existenciais e concretas, há-de encorajar, por sua vez, os jovens a tomarem decisões empenhativas que envolvem o próprio futuro. Para ajudá-los, é necessária aquela arte do encontro e do diálogo capaz de os iluminar e acompanhar sobretudo através do exemplo de vida abraçada como vocação. Assim fez o Santo Cura d’Ars, que, no contacto permanente com os seus paroquianos, «ensinava sobretudo com o testemunho da vida. Pelo seu exemplo, os fiéis aprendiam a rezar» (Carta de Proclamação do Ano Sacerdotal, 16/06/2009).

Que este Dia Mundial possa oferecer, uma vez mais, preciosa ocasião para muitos jovens reflectirem sobre a própria vocação, abrindo-se a ela com simplicidade, confiança e plena disponibilidade. A Virgem Maria, Mãe da Igreja, guarde o mais pequenino gérmen de vocação no coração daqueles que o Senhor chama a segui-Lo mais de perto; faça com que se torne uma árvore frondosa, carregada de frutos para o bem da Igreja e de toda a humanidade. Por esta intenção rezo, enquanto concedo a todos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 13 de Novembro de 2009.

BENEDICTUS PP. XVI